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Mudanças climáticas atingiram “novo patamar” em 2024, ano mais quente já registrado, diz OMM

O relatório afirma que este foi provavelmente o primeiro ano a presenciar uma temperatura média global 1,5 °C acima da era pré-industrial e destaca os impactos sociais e econômicos da mudança

Mudanças climáticas atingiram “novo patamar” em 2024, ano mais quente já registrado, diz OMM
Mudanças climáticas atingiram “novo patamar” em 2024, ano mais quente já registrado, diz OMM
Ondas de calor levaram a temperaturas extremas no Brasil. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
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O relatório anual da Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicado nesta quarta-feira (19), confirma que 2024 foi o ano mais quente registrado em quase duas décadas.

“Os sinais claros de mudanças climáticas induzidas pelo homem atingiram novos patamares em 2024”, diz o relatório State of the Global Climate afirmando que este foi provavelmente o primeiro ano a presenciar uma temperatura média global 1,5 °C acima da era pré-industrial, o limite estabelecido pelo Acordo de Paris.

O documento destaca as enormes perturbações econômicas e sociais causadas pelo clima extremo e os impactos de longo prazo do calor recorde do oceano e da elevação do nível do mar. Entre eles o maior número de novos deslocamentos registrados desde 2008.

“Novos deslocamentos contínuos e prolongados afetaram um número significativo de pessoas em contextos frágeis e afetados por conflitos. Junto com a destruição de casas, infraestrutura, florestas, terras agrícolas e biodiversidade, eventos climáticos extremos prejudicam a resiliência e representam riscos significativos para as pessoas em movimento e aquelas que já vivem em deslocamento”, afirma o relatório.

Os países pobres são os mais afetados pelos deslocamentos de pessoas, segundo a OMM. A Organização se baseia em dados do Centro Internacional de Monitoramento de Deslocamento (IDMC), que coleta dados sobre o tema desde 2008.

Mas os países ricos não são poupados. A OMM destaca, por exemplo, que inundações em Valência, na Espanha, deixaram 224 mortos, e incêndios devastadores no Canadá e nos Estados Unidos forçaram mais de 300.000 pessoas a abandonar suas casas em busca de segurança.

O relatório também destaca as enchentes no Rio Grande do Sul. “Chuvas fortes e persistentes resultaram em inundações de grandes partes da cidade de Porto Alegre e muitas áreas vizinhas com efeitos significativos na agricultura e pesca, bem como mais de 200 mortes”, lembra.

“Nosso planeta está emitindo cada vez mais sinais de alarme, mas este relatório mostra que ainda é possível limitar o aumento da temperatura global a longo prazo a 1,5°C”, afirmou o chefe da ONU, António Guterres, em comunicado à imprensa.

Sistemas de alerta

“Em resposta, a OMM e a comunidade internacional estão intensificando os esforços para fortalecer os sistemas de alerta precoce”, disse Celeste Saulo, secretária-geral da agência.

A OMM quer que toda a população mundial seja avisada a tempo até o final de 2027 sobre os eventos meteorológicos extremos. “Estamos progredindo, mas precisamos ir mais longe e mais rápido. Apenas metade dos países do mundo tem sistemas de alerta precoce adequados”, argumenta.

O apelo ocorre no momento em que o retorno ao poder de Donald Trump, negacionista climático, gera declínio nos investimentos na ciência do clima.

A NOAA, principal agência dos EUA responsável pela previsão do tempo, análise climática e conservação marinha, se tornou um alvo principal do governo republicano, e centenas de cientistas e especialistas já foram demitidos.

Donald Trump também nomeou um meteorologista, Neil Jacobs, que enganou o público sobre a passagem de um furacão durante seu primeiro mandato, para chefiar a agência.

Ondas de calor e fome

O ano de 2024 também teve ondas de calor significativas, com recordes quebrados em todas as estações do ano e em grandes áreas.

O documento também ressalta a participação do aumento das temperaturas, na seca e nos altos preços dos alimentos, que “levaram ao agravamento das crises alimentares em 18 países globalmente em meados de 2024”.

Entre eles, oito tiveram pelo menos 1 milhão de pessoas a mais enfrentando insegurança alimentar aguda no ano passado do que durante o máximo anual de 2023.

(RFI e AFP)

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