Mundo
Mubarak deixa a prisão e é transferido para hospital
O ex-presidente foi levado a um hospital militar no Cairo. No domingo, será retomado seu julgamento pela morte de manifestantes em 2011
O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, derrubado por uma revolta popular no início de 2011, deixou nesta quinta-feira 22 a prisão e foi transferido para um hospital militar no Cairo, à espera da retomada, no domingo, de seu julgamento por mortes de manifestantes.
Na noite de quarta-feira 21, as autoridades militares, que dirigem o país desde o golpe de Estado em 3 de julho contra o islamita Mohamed Mursi, anunciaram que o ex-presidente permanecerá em prisão domiciliar. Poucas horas antes, um tribunal havia ordenado sua liberdade condicional em um caso de corrupção, a última acusação que o mantinha atrás das grades.
Mubarak, de 85 anos, foi transferido de helicóptero da prisão de Tora, no Cairo, para o hospital militar de Maadi, em um bairro periférico da capital. O presidente deposto está preso sob a acusação de cumplicidade em mortes.
Sua libertação ocorre no momento em que o exército e a polícia conduzem há uma semana uma campanha de repressão sangrenta aos manifestantes e partidários de Mursi, primeiro presidente eleito democraticamente no Egito e pertencente à Irmandade Muçulmana.
Mubarak, que dirigiu o Egito por mais de 30 anos, responderá em um julgamento que será retomado no próximo domingo por três acusações, incluindo pelas mortes de manifestantes durante a revolta de janeiro-fevereiro de 2011. No domingo também será aberto o processo dos líderes da Irmandade Muçulmana, presos pelo exército após o golpe contra Mursi.
O guia supremo da Irmandade, Mohamed Badie, e seus dois assessores, Khairat al-Chater e Rachad Bayoumi, devem responder por “incitação à morte” de manifestantes anti-Mursi que atacaram a sede da conferia em 30 de junho. Quase mil pessoas morreram em uma semana no Egito, em sua maioria manifestantes pró-Mursi, quando militares e policiais se lançaram em uma repressão sangrenta.
Com a prisão de seus líderes e a autorização dada às forças de ordem para atiraram nos manifestantes, os islâmicos têm tido dificuldades para se mobilizar.
Para sexta-feira, a Irmandade Muçulmana convocou uma manifestação em massa sob o lema “Sexta-feira dos Mártires”, após a morte de centenas de partidários do presidente deposto. Os militares se apoiam na mobilização anti-Mursi em 30 de junho para justificar sua destituição, enquanto grande parte dos egípcios criticam o presidente deposto de ter capitalizado o poder em favor da Irmandade Muçulmana.
Em uma semana, ao menos 970 pessoas morreram em confrontos entre apoiadores de Mursi e forças de ordem, número superior aos 850 mortos em 18 dias de revolta contra Mubarak em 2011. Nesta quinta-feira, dois soldados morreram em um ataque contra o comboio em que estavam em Ismailiya, no canal de Suez, segundo fontes da segurança.
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