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MP do Peru reativa investigação contra Castillo; vice se mostra disposta a assumir em caso de impeachment

‘Há um mandato que o povo nos concedeu, governar por cinco anos, e essa é a única agenda que temos’, afirmou Dina Boluarte

O presidente do Peru, Pedro Castillo. Foto: Presidência do Peru
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O Ministério Público do Peru informou nesta sexta-feira 22 que reativou uma investigação contra o presidente Pedro Castillo, a quinta em quase um ano de mandato, por um caso de suposto tráfico de influência na compra de combustível pela estatal Petroperú em 2021.

A nova procuradora-geral da nação, Patricia Benavides, decidiu anular a decisão de janeiro de sua antecessora, Zoraida Ávalos, de suspender as investigações relacionadas ao caso até que Castillo concluísse seu mandato, em julho de 2026, uma vez que ele conta com imunidade.

Em janeiro, revelou-se que o chefe de Estado teria interferido em um processo para a aquisição de biodiesel B100 no mercado local, “a fim de que a empresa Heaven Petroleum Operator, dirigida pelo empresário Samir Abudayeh, ganhasse um contrato no valor de 74 milhões de dólares”. Castillo negou envolvimento no caso e o contrato foi anulado depois que a imprensa noticiou irregularidades.

O presidente enfrenta outras quatro investigações: por obstrução da Justiça na demissão do ministro do Interior Mariano González; por tráfico de influência em promoções de militares; por corrupção e conluio agravado em um projeto de obra pública; e por plágio em sua tese universitária. O presidente e seu advogado reiteraram que não há provas de nenhum desses crimes.

Vice-presidenta se manifesta

A vice-presidenta peruana, Dina Boluarte, afirmou nesta sexta 22 que está disposta a assumir a Presidência caso Pedro Castillo sofra o impeachment.

“Há um mandato que o povo nos concedeu, governar por cinco anos, e essa é a única agenda que temos. Trabalhar nesses quatro anos que restam (do período constitucional) pelos mais vulneráveis, os mais necessitados”, afirmou Boluarte ao ser questionada sobre a possibilidade de assumir a Presidência, durante uma coletiva com a imprensa estrangeira credenciada no Peru.

Pedro Castillo já superou duas tentativas de destituição no Congresso, mas enfrenta uma tempestade de acusações políticas e fiscais. Boluarte afirmou que em várias ocasiões Castillo negou pessoalmente ter cometido qualquer ato de corrupção.

Sobre a atuação do Ministério Público, a vice-presidenta disse que “as investigações que estão ali, que ocorrem dentro do quadro legal, dentro das competências autônomas que as instituições têm, serão respeitadas por nós”.

Em dezembro de 2021, Boluarte havia declarado, enquanto Castillo enfrentava uma segunda tentativa de impeachment no Parlamento, que renunciaria ao cargo, rejeitando assim uma sucessão por mandato constitucional.

No entanto, a própria Boluarte, que atua também como ministra de Desenvolvimento e Inclusão Social, enfrenta possível destituição do cargo após a publicação de um relatório parlamentar acusando-a de supostas irregularidades administrativas. O documento recomenda que ela fique impossibilitada de exercer cargos públicos por anos.

No caso de sua eventual sanção e remoção, o líder do Congresso é o próximo na linha de sucessão de Castillo.

Sobre isso, Boluarte afirmou que existe uma corrente “de uma minoria no Congresso bastante rápida em querer me desabilitar de maneira expressa (…) É muito fácil deduzir que a intenção não é fazer justiça, mas sim política”.

A vice-presidenta acrescentou que “não nos aceitam, não nos aceitaram, não nos querem e farão todo o possível para derrubar este governo do presidente Pedro Castillo”.

Castillo, um ex-professor de escola rural, venceu as eleições presidenciais em julho de 2021 por uma margem estreita sobre Keiko Fujimori, representante da extrema-direita.

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