Mundo
MP do Peru anuncia a prisão de Pedro Castillo, horas após o impeachment
Uma fonte do órgão confirmou à agência AFP que o ex-presidente é investigado pelo crime de ‘rebelião’
O Ministério Público do Peru anunciou, nesta quarta-feira 7, a prisão do ex-presidente Pedro Castillo, depois de sua tentativa frustrada de dissolver o Parlamento.
“Há um cometimento em flagrante e Castillo está na qualidade de preso”, disse à imprensa Marita Barreto, coordenadora da equipe especial de procuradores contra a corrupção. Uma fonte do MP confirmou à agência AFP que Castillo é investigado pelo crime de “rebelião”.
“Discutiremos hoje (se há elementos para uma prisão preventiva). A democracia deve ser respeitada”, destacou Barreto. “Procedeu-se conforme a lei, impôs-se um direito fundamental, que é ser processado ou investigado pela atribuição de um crime.”
O crime de rebelião prevê pena de 10 a 20 anos.
No final da tarde, o Congresso peruano empossou Dina Boluarte na Presidência do país, horas após aprovar o impeachment de Castillo.
“Assumo, de acordo com a Constituição do Peru, a partir deste momento até 26 de julho de 2026”, disse ela, dirigindo-se ao Parlamento. Boluarte se torna, assim, a primeira mulher a assumir a chefia do Executivo peruano.
No Parlamento, houve 101 votos a favor da destituição de Castillo, 6 contrários e 11 abstenções. Na sessão, os congressistas ignoraram um decreto de dissolução editado mais cedo pelo então presidente.
Ao deixar o Palácio do Governo após o impeachment, Castillo foi detido na capital peruana, Lima.
Antes do impedimento, ele havia anunciado a dissolução do Congresso e o estabelecimento de um governo de exceção, uma manobra vista como um autogolpe por Boluarte.
Em comunicado à nação, ele também defendeu “convocar no prazo mais breve possível um novo Congresso com poderes constituintes para redigir uma nova Constituição”.
“A partir desta data e até que seja instaurado o novo Congresso, governaremos mediante decretos-lei”, prosseguiu. “Fica decretado toque de recolher em nível nacional a partir de hoje, das 22h até às 4h de quinta-feira.”
Logo depois do anúncio, Dina Boluarte denunciou “um golpe de Estado”.
“Repudio a decisão de Pedro Castillo de praticar a quebra da ordem constitucional com o fechamento do Congresso. Trata-se de um golpe de Estado, que agrava a crise política e institucional que a sociedade peruana terá que superar com apego estrito à lei”, escreveu no Twitter.
O presidente do Tribunal Constitucional, Francisco Morales, disse à rádio RPP que “hoje foi dado um golpe de Estado no melhor estilo do século XX, um golpe fadado ao fracasso, porque o Peru quer viver na democracia”.
Já a procuradora-geral do Peru, Patricia Benavides, expressou uma “rejeição enfática” a “qualquer violação da ordem constitucional” e instou Castillo a “respeitar a Constituição, o Estado de Direito e a democracia que tanto nos custou”.
Manifestantes pró e contra Castillo se concentravam em frente ao Parlamento desde antes do pronunciamento.
(Com informações da AFP)
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