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MP da França pede até 6 anos de prisão para membros de grupo suspeito de planejar o assassinato de Macron
Os Barjols também tinham projetos de ‘queimar mesquitas’, ‘matar muçulmanos’ e preparar ‘um golpe militar’


Penas de um a seis anos de prisão em regime fechado foram requisitadas nesta segunda-feira 27 no Tribunal de Apelação de Paris a nove ex-membros do grupo de ultradireita Les Barjols. Os integrantes da associação, desmantelada em 2018, são suspeitos de preparar uma série de ações violentas, entre elas um atentado contra o presidente Emmanuel Macron.
O caso chocou a França em 2018, com a revelação pelos serviços de Inteligência do país de que um grupo planejava assassinar o chefe de Estado, na época em seu primeiro mandato, durante uma viagem que fez a Moselle, no nordeste da França. Os Barjols também tinham projetos de “queimar mesquitas”, “matar muçulmanos” e preparar “um golpe militar”. Nenhum dos planos foi colocado em prática.
Nesta segunda-feira, a procuradora-geral Naima Rudloff fez o pedido de oito anos de prisão, dos quais dois com sursis [suspensão condicional da pena], contra o co-fundador do grupo de ultradireita, Jean-Pierre Bouyer. Contra o número dos Barjols, Denis Collinet, a pena requisitada foi de sete anos de prisão, dos quais dois com sursis.
Outros dois importantes integrantes da facção, Mickaël Iber e David Gasparrini, podem ser condenados a cinco anos de detenção em regime fechado. Além deles, seis suspeitos enfrentarão requisições similares.
Todos eles correm o risco de ter seus nomes inscritos em uma lista de infratores terroristas (Fijait, sigla em francês), serem proibidos de possuir uma arma durante dez anos e privados de seus direitos cívicos durante o mesmo período.
Elementos suficientes para condenação
No processo em primeira instância, em 2023, Bouyer, Iber e Gasparrini foram os únicos a serem reconhecidos culpados de uma associação de terroristas. Na época, eles receberam sentenças que coincidiam com o período que passaram em prisão preventiva e permaneceram em liberdade após o julgamento.
Desta vez, a procuradora-geral disse acreditar que “há elementos suficientes para que todos os suspeitos entrem em vias de condenação”. Rudloff fez duras críticas ao que considera “penas leves” determinadas no processo em primeira instância, acreditando que “o tribunal não teve uma apreciação exata da gravidade dos fatos”.
A representante do Ministério Público não hesitou em fazer um paralelo entre a ultradireita e “o movimento islâmico”. “Eles têm o mesmo objetivo: criar o caos”, argumentou.
A decisão do Tribunal de Apelação de Paris será deliberada após as alegações da defesa marcadas para a terça-feira 28 e a quarta 29.
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