Mundo

Moscou rebate ‘aviso’ de Biden sobre ‘desastre’ na Ucrânia

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que as declarações ‘podem contribuir para a desestabilização da situação’

Vladimir Putin e Joe Biden. Fotos: Angela WEISS e Alexey DRUZHININ/AFP
Apoie Siga-nos no

O Kremlin afirmou nesta quinta-feira 20 que o aviso do presidente dos EUA, Joe Biden, sobre possíveis consequências desastrosas para a Rússia não ajuda a reduzir as crescentes tensões em torno da Ucrânia e pode até desestabilizar ainda mais a situação ucraniana.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, fez o comentário após Biden ter previsto na quarta-feira que uma intervenção na Ucrânia seria um “desastre” para Moscou, que pagaria caro por uma invasão em grande escala do país.

Um acúmulo de tropas russas na fronteira com a Ucrânia e uma retórica cada vez mais ameaçadora nas últimas semanas têm aumentado os receios no Ocidente de que Moscou possa usar força militar para tentar impedir uma potencial adesão da Ucrânia à Otan.

Moscou nega veementemente tais planos, mas Putin ameaçou uma resposta “técnico-militar” não especificada caso o Ocidente não leve a sério um conjunto de exigências de segurança do Kremlin, incluindo um fim à expansão da aliança militar ocidental em direção a leste.

Questionado sobre os comentários de Biden, Peskov disse que a Rússia tem recebido avisos semelhantes há pelo menos um mês. “Acreditamos que eles não contribuem de forma alguma para aliviar a tensão que agora surge na Europa e, além disso, podem contribuir para a desestabilização da situação”, afirmou.

“Sanções podem encorajar Kiev”

Apesar das repetidas declarações recentes de Kiev afirmando o contrário, Peskov também disse que Moscou teme que as ameaças de sanções pelos Estados Unidos possam encorajar Kiev a tentar resolver militarmente um conflito de oito anos com separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia. “Estamos preocupados com isso”, comentou, diante de repórteres.

Já a porta-voz do Ministério do Exterior russo pediu o fim da “campanha anti-Rússia” de especulação sobre um ataque russo à Ucrânia. “O objetivo desta campanha é criar uma cortina de fumaça para preparar grandes provocações, inclusive de caráter militar, que podem ter consequências trágicas para a segurança regional e global”, afirmou a porta-voz da diplomacia russa, María Zakharova.

Preocupação com envio de armas

Os temores de Moscou são confirmados, segundo a porta-voz, pelas últimas notícias sobre o envio de armas de países ocidentais para a Ucrânia.

“Há vários dias, o Reino Unido envia armas para a Ucrânia em aviões de transporte militar. Já está bem claro que nada menos que seis voos foram realizados, e cada avião pode transportar até 77,5 toneladas de carga, ou seja, cerca de 460 toneladas de armas”, disse Zakharova.

A diplomata russa acrescentou que apenas nos últimos meses os Estados Unidos enviaram à Ucrânia 30 sistemas antitanque Javelin e 180 mísseis correspondentes, e que, segundo relatos da imprensa, planeja fornecer em breve ao governo de Kiev armas no valor de 30 milhões de dólares.

Transferência do Báltico

O Canadá disse que está avaliando o envio de armas defensivas ao governo ucraniano, e o portal americano Politico noticiou nesta quinta-feira que o Departamento de Estado dos EUA autorizou Estônia, Lituânia e Letônia,  aliados da Otan no Báltico, a transferirem para a Ucrânia “armas letais fabricadas nos EUA”, como blindados e mísseis terra-ar.

“Na Ucrânia, eles veem essa ajuda como uma carta branca para realizar uma operação militar em Donbass”, enfatizou Zakharova, se referindo à área no leste ucraniano sob controle de rebeldes pró-Rússia. Ela acrescentou que as forças armadas ucranianas “não cessam seus ataques contra a população civil (de língua russa) no leste do país”.

“Pedimos aos países ocidentais que parem com a agressiva campanha de informação anti-Rússia, parem de militarizar a Ucrânia e arrastá-la para a Otan. Em vez disso, deve haver esforços diretos para encorajar o regime de Kiev a cumprir os Acordos de Minsk [para a paz em Donbass] e outras obrigações internacionais”, disse.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo