Mundo
Morre aos 100 anos o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter; veja reações de líderes mundiais
O presidente Lula (PT) se referiu ao democrata como ‘um amante da democracia e um defensor da paz’


Jimmy Carter, o ex-presidente democrata que governou os Estados Unidos de 1977 a 1981 e ganhou o Prêmio Nobel da Paz, morreu aos 100 anos, no domingo 29.
Ele recebia cuidados paliativos há quase um ano em sua casa em Plains, na Geórgia, a mesma pequena cidade onde nasceu e administrou uma fazenda de amendoim antes de ser eleito governador e depois chegar à Casa Branda.
Ele morreu “pacificamente, cercado por sua família”, disse o Centro Carter em um comunicado.
“Meu pai foi um herói, não só para mim, mas para todos os que acreditam na paz, nos direitos humanos e no amor sem egoísmo”, disse Chip Carter, filho do ex-presidente.
Carter era o ex-presidente dos Estado Unidos mais velho em vida e também o mais longevo da história do país, apesar de ter sido diagnosticado com câncer no cérebro em 2015.
O veterano da Marinha e fervoroso cristão teve uma vida longa e frutífera como ex-presidente, após quatro anos na Casa Branca que muitos consideraram uma decepção.
Durante o seu único mandato, Carter concentrou a sua agenda nos direitos humanos e na justiça social, e inicialmente teve dois anos fortes que incluíram a mediação de um tratado de paz entre Israel e o Egito, conhecido como Acordos de Camp David.
No entanto, o seu governo enfrentou vários obstáculos, o mais grave deles a crise dos reféns americanos no Irã e a tentativa desastrosa de resgatá-los em 1980. Também foi criticado pela forma como lidou com a crise do petróleo.
Em novembro daquele ano, seu rival republicano Ronald Reagan, ex-ator e governador da Califórnia, venceu as eleições e tirou-lhe a presidência.
“Líder, estadista e humanitário”
Após sua morte, surgiram homenagens de todo o mundo, especialmente de outros ex-presidentes americanos.
“Ele trabalhou incansavelmente por um mundo melhor e mais justo”, disse o ex-presidente democrata Bill Clinton. “Ele viveu para servir aos outros, até o fim.”
O ex-presidente democrata Barack Obama disse que Carter “ensinou a todos o que significa viver uma vida de graça, dignidade, justiça e serviço”.
Por sua vez, o presidente eleito Donald Trump disse que os americanos têm com Carter uma “dívida de gratidão”. “Ele trabalhou duro para tornar os Estados Unidos melhor”.
“Os Estados Unidos e o mundo perderam um líder, estadista e humanitário extraordinário”, disse o presidente em fim de mandato Joe Biden, que anunciou funerais de Estado e declarou 9 de janeiro como dia nacional de luto para homenagear a sua memória.
Biden acrescentou mais tarde que Carter “viveu uma vida que não foi medida por palavras, mas por seus atos”.
O presidente Lula (PT) lembrou-se dele no X como “um amante da democracia e um defensor da paz”.
“No fim dos anos 70, pressionou a ditadura brasileira pela libertação de presos políticos”, disse Lula.
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, destacou o papel crucial de Carter em “conseguir negociar e chegar a um acordo” sobre a transferência do canal para o seu país, uma passagem interoceânica que Trump ameaça recuperar.
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, garantiu que os cubanos sempre se lembrarão de Carter com “gratidão” pelos seus esforços para conseguir uma “melhoria nas relações”.
“Nosso povo lembrará com gratidão de seus esforços em favor da melhoria das relações, suas visitas a #Cuba e seu pronunciamento a favor da liberdade dos Cinco”, disse Díaz-Canel no X, referindo-se aos cinco agentes cubanos presos em 1998 na Flórida e condenados por espionagem nos Estados Unidos.
O presidente israelense, Isaac Herzog, afirmou que o tratado de paz forjado por Carter “continua sendo uma âncora de estabilidade em todo o Oriente Médio e Norte da África”.
A administração Carter normalizou as relações entre Washington e Pequim. O presidente chinês, Xi Jinping, disse nesta segunda-feira que estava “profundamente triste” pela morte.
Carter “fez durante muito tempo contribuições importantes para o desenvolvimento dos laços China-EUA e para a promoção de intercâmbios amistosos e cooperação entre os dois países”, disse Xi, segundo a emissora estatal CCTV.
Rosalynn, esposa de Carter há 77 anos, faleceu em 19 de novembro de 2023, aos 96 anos. Já muito frágil, Carter compareceu ao funeral em uma cadeira de rodas. Juntos, eles tiveram três filhos e uma filha.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.