Mundo
Morre Alexandre Lavout, dissidente russo que lutou pelos direitos humanos na URSS
O ex-preso político foi companheiro de luta do prêmio Nobel da paz Andrei Sakharov e participou da principal publicação clandestina que apontava as violações de direitos humanos na URSS
MOSCOU (AFP) – O dissidente Alexandre Lavout, companheiro do prêmio Nobel da paz Andrei Sakharov na luta pelos direitos humanos na União Soviética e ex-preso político, morreu neste domingo 23 em Moscou, aos 83 anos, informaram à AFP fontes ligadas à família.
Especialista em matemática e geofísica, Alexandre Lavout foi condenado em 1980 a 3 anos de trabalhos forçados pela “divulgação de calúnias anti-soviéticas”, por sua participação na principal publicação clandestina da dissidência que apontava as violações de direitos humanos na URSS.
Ele também foi acusado de ter distribuído o Arquipélago Gulag, de Alexandre Soljenitsyne, em publicações datilografadas proibidas.
No final da pena, Alexandre Lavout foi preso novamente, desta vez condenado a 5 anos de prisão domiciliar em uma vila da região de Khabarovsk, no extremo Oriente russo, a cerca de 6.700 km de Moscou.
Lavout também fez parte do primeiro grupo organizado da dissidência, o grupo da iniciativa pela Defesa dos direitos do homem, criado em 1969. Ele contribuiu muito para tornar conhecido no Ocidente o destino dos tártaros da Crimeia, deportados por Stalin na Ásia central e impedidos de voltar a Crimeia até a queda da União Soviética, em 1991.
“É difícil medir o que ele fez para recolher e divulgar informações da luta pelos direitos humanos em nosso país. Alexandre Lavout teve a coragem de assumir sua posição de cidadão que se opões ao mal e à violência”, escreveu o acadêmico Sakharov após a condenação de Lavout.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.



