Mundo
Missão da ONU na Venezuela aponta aumento nas violações de direitos humanos após reeleição de Maduro
Relatório que indica supostos crimes foi publicado nesta terça-feira


Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta terça-feira 15, alerta para “crescentes violações e crimes cometidos pelo governo” da Venezuela – antes, durante e depois das eleições presidenciais do último mês de julho.
O documento de 180 páginas, elaborado por uma missão independente das Nações Unidas em território venezuelano, afirma que há “detenções arbitrárias, tortura, desaparecimentos forçados de curta duração e violência sexual”, tudo isso “como parte de um plano coordenado para silenciar críticos e supostos opositores”.
Na semana passada, o Conselho de Direitos Humanos da entidade renovou por mais dois anos o mandato da missão que investiga supostos crimes cometidos pelo governo Nicolás Maduro. O Brasil se absteve da votação, argumentando que a aprovação poderia contribuir para um isolamento ainda maior do mandatário venezuelano.
Segundo a missão da ONU, a eleição deste ano na Venezuela mostrou um nível de violência política “sem precedentes” por parte do governo. “Entre as vítimas, estão crianças e pessoas com deficiência”, denuncia o documento.
“A partir de outubro de 2023, no contexto de um ano eleitoral, o Estado começou a reativar o mecanismo de repressão para realizar ações destinadas a desmantelar e desmobilizar a oposição política organizada”, sintetiza o relatório.
O governo Maduro ainda não comentou o documento da equipe da ONU. O mandatário vem se defendendo das críticas sofridas desde a eleição presidencial, quando perdeu o apoio que tinha na comunidade internacional, sob acusação de ter fraudado os resultados das urnas.
Há pouco menos de dois meses, a ONG Foro Penal, que trata do tema no país vizinho, afirmou que a Venezuela tinha quase dois mil presos políticos – o maior número do século – e que a situação estava se agravando.
Foi sob risco de prisão, por exemplo, que o candidato de oposição a Maduro, Edmundo González Urrutia, fugiu para a Espanha. Ele recebeu asilo no país europeu por conta de um mandado de prisão emitido contra ele, que alega que a eleição foi fraudada.
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