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Ministra de Desenvolvimento Social do Chile renuncia após detenção de líder mapuche

Trata-se da primeira renúncia no gabinete do presidente Gabriel Boric, que assumiu o poder em 11 de março

O novo presidente do Chile, Gabriel Boric. Foto: Martin Bernetti/AFP
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O presidente do Chile, Gabriel Boric, anunciou nesta quinta-feira 25 que aceitou a renúncia da ministra de Desenvolvimento Social, Jeanette Vega, depois que soube de sua tentativa de se comunicar por telefone com o líder da maior organização radical mapuche, Héctor Llaitul, detido ontem.

Trata-se da primeira renúncia no gabinete do jovem presidente, que assumiu o poder em 11 de março.

“Tomei a decisão de aceitar a renúncia da ministra de Desenvolvimento Social, Jeanette Vega”, disse Boric, ao conversar com a imprensa durante visita à localidade de Tierra Amarilla, no norte do Chile.

De acordo com uma informação do site de notícias Ex Ante, uma assessora da ministra Vega, falando em seu nome, tentou fazer contato por telefone com Llaitul em 11 de maio, depois que ele havia anunciado sua intenção de manter a luta armada para a recuperação de terras que os mapuche consideram suas por direitos ancestrais no sul do Chile.

“Devemos ser cuidadosos no conteúdo e também na forma”, acrescentou Boric, ressaltando a “responsabilidade política” da ministra Vega.

Boric também se referiu à detenção na quarta-feira de Llaitul, líder da Coordenação Arauco Malleco (CAM), uma organização radical mapuche apontada como responsável por ataques com incêndios florestais.

“No Chile, ninguém está acima da lei”, afirmou o presidente, enfatizando que Llaitul não esteve disposto a tomar o caminho do diálogo.

As acusações para sua detenção são roubo de madeira, usurpação e atentado contra autoridade.

Nesta quinta, o Tribunal de Garantias da cidade de Temuco, na região de La Araucania, decidiu manter Llaitul em prisão preventiva.

A CAM emitiu um comunicado na quarta-feira classificando a detenção de seu líder como “a materialização da perseguição política” contra o seu “projeto político”.

Llaitul reconheceu o roubo de madeira e fez uma convocação à resistência armada para expulsar as empresas que exploram as florestas do território que os indígenas consideram seu nas regiões de Biobío e La Araucanía.

Ele também admitiu em diversas entrevistas à imprensa a autoria por parte de membros da CAM de atentados incendiários no contexto de suas reivindicações.

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