Mundo
Milhares protestam em Israel contra plano de anexação de Gaza
Benjamin Netanyahu enfrenta forte pressão em Israel e no exterior para encerrar sua ofensiva em Gaza, onde mais de 2 milhões de palestinos estão ameaçados de “fome generalizada”


Dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas, neste sábado (9), em Tel Aviv para pedir o fim da guerra na Faixa de Gaza, um dia após o anúncio do plano israelense para a conquista da Cidade de Gaza, a maior do território palestino.
Após 22 meses de guerra, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta uma pressão muito forte em Israel e no exterior para encerrar sua ofensiva em Gaza, onde mais de 2 milhões de palestinos estão ameaçados de “fome generalizada”, segundo a ONU.
Os manifestantes exibiram cartazes e fotos dos reféns ainda mantidos cativos no território palestino e instaram o governo a conseguir sua libertação.
Jornalistas da AFP presentes no local calcularam que o número de manifestantes era de dezenas de milhares, e o Fórum das Famílias dos Reféns registrou 100 mil participantes.
As autoridades não forneceram uma estimativa oficial, mas este ato superou em tamanho outros protestos recentes contra a guerra.
“Terminaremos com uma mensagem direta ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu: se você invadir partes de Gaza e os reféns forem assassinados, nós iremos atrás de você nas praças das cidades, nos comícios eleitorais, o tempo todo e em todos os lugares”, declarou à AFP Shahar Mor Zahiro, familiar de um refém morto.
Plano questionado
O gabinete de segurança de Netanyahu aprovou na sexta-feira um plano para tomar o controle da Cidade de Gaza, o que desencadeou uma onda de condenações internacionais e locais.
De acordo com o plano, o exército “se prepara para tomar o controle da Cidade de Gaza”, localidade em grande parte destruída no norte do território, “ao mesmo tempo que distribui ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate”.
Potências estrangeiras, incluindo aliados de Israel, pressionaram por um cessar-fogo para garantir a devolução dos reféns e aliviar a crise humanitária na Faixa.
Mas Netanyahu permanece firme em seu plano apesar da rejeição dentro e fora do país. O líder israelense publicou na noite de sexta-feira nas redes sociais: “não vamos ocupar Gaza, vamos liberar Gaza do Hamas”.
O Hamas, que mantém 49 reféns, dos quais 27 são presumidos mortos, afirmou na sexta-feira que a decisão israelense de ocupar a Cidade de Gaza significa o “sacrifício” desses reféns, sequestrados no ataque sem precedentes do movimento islamista palestino contra Israel em 7 de outubro de 2023.
As famílias dos reféns e os ativistas israelenses favoráveis à paz com os palestinos exigem um cessar-fogo com o Hamas para obter a libertação dos últimos cativos.
Netanyahu enfrentou numerosos protestos ao longo dos 22 meses de guerra, muitas vezes com manifestantes pedindo ao governo que alcance um acordo para permitir a troca de reféns por prisioneiros palestinos.
Após o anúncio do plano na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU realizará no domingo às 10h (11h no horário de Brasília) uma reunião de emergência sobre a Faixa de Gaza, segundo várias fontes diplomáticas.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.