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Milhares marcham em Glasgow e no mundo para exigir ‘justiça climática’ da COP26

A COP26 deve definir como cumprir objetivos definidos pelo Acordo de Paris sobre o Clima para limitar o aumento da temperatura média global

Créditos: DANIEL LEAL-OLIVAS / AFP Créditos: DANIEL LEAL-OLIVAS / AFP
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Sob uma chuva torrencial e ventos violentos, milhares de manifestantes marcharam em Glasgow, neste sábado 6, para pedir “justiça climática”, em um dia de mobilização mundial para pressionar os políticos reunidos na COP26 a agirem contra o aquecimento global.

 

A polícia estimava em cerca de 50 mil o número de manifestantes nesta cidade escocesa, que recebe, de 31 de outubro a 12 de novembro, representantes de quase 200 países. O objetivo do encontro é chegar a um acordo urgente para limitar o aquecimento global.

Quando a marcha chegou ao seu destino, depois de três horas de caminhada, a plataforma organizadora Coalizão COP26 disse ter reunido mais de 100.000 participantes em Glasgow, e 500.000, em todo Reino Unido, com protestos convocadas em dezenas de cidades, de Londres a Birmingham.

Sem divulgar seus números finais, a polícia disse ter “retirado, de forma segura, manifestantes” que bloqueavam uma ponte.

A passeata transcorreu de forma pacífica e em um ambiente festivo, ao rufar de tambores e ao som das gaitas dos escoceses, muitos vestidos com suas tradicional saia xadrez, apesar do frio. Cartazes encharcados exigiam “coloque o planeta na frente do dinheiro agora”.

“O que nós queremos? Justiça climática! Quando queremos? Agora!”, gritavam os ativistas, quando a coluna iniciou seu trajeto.

“O povo, unido, jamais será vencido”, cantavam em diferentes idiomas, neste protesto que reuniu dos jovens que já haviam manifestado sua frustração nas ruas na sexta-feira, ao movimento de desobediência civil Extinction Rebellion (XR), conhecido por suas ações ousadas que paralisam cidades e costumam acabar em inúmeras prisões.

“Esta é a COP26. Tivemos 25 antes, e todas foram um fracasso”, disse à AFP Lilly Henderson, de 17 anos, membro do grupo Sextas-Feiras pelo Futuro, retomando as palavras que sua fundadora, Greta Thunberg, lançou à multidão na véspera.

“Sou do Brasil e lá as coisas pioraram bastante nos últimos anos”, disse Carlos Nunes, um pesquisador de 35 anos, que se declarou “um pouco cético” sobre o resultado da COP26.

Em um ato na sede da conferência, o ator britânico Idris Elba expressou sua solidariedade com os manifestantes.

“A mudança climática é real e vamos acabar pagando por isso”, afirmou, acrescentando que os humanos “são uma espécie recente, mas conseguiu destruir de forma irreversível uma parte do planeta”.

Jayne Whitehead, uma paisagista de 54 anos, compareceu à passeata junto com suas duas filhas.

“Quero que cresçam com um futuro promissor, que aproveitem o mundo como fizemos quando éramos jovens e possam olhar para a frente sem medo”, afirmou.

“Um único dia não muda tudo, mas temos que fazer todo o possível, e hoje isso é algo que podemos fazer”, apesar da tempestade, completou.

‘Ação climática já’

Da Austrália ao Brasil, passando pela Coreia do Sul e pelo Canadá, cerca de 100 marchas deste tipo estavam previstas para acontecer no mundo todo.

“Chega de blá-blá-blá, ação climática já”, dizia um cartaz em Sydney, denunciando a posição do governo australiano, defensor da indústria nacional de mineração.

Em Seul, 500 pessoas pediram ações concretas em um país que cobre grande parte de suas necessidades energéticas, importando carvão.

A COP26 deve definir como cumprir os objetivos definidos em 2015 pelo Acordo de Paris sobre o Clima para limitar o aumento da temperatura média global entre 1,5ºC e 2ºC e evitar as devastadoras catástrofes naturais que cada décimo de grau adicional implica.

Esta semana, alguns países se comprometeram a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, a parar de usar o carvão como fonte de energia, a acabar com o financiamento estrangeiro de combustíveis fósseis, a conter o desmatamento e a reduzir a emissão de metano.

Tudo isso depois que um importante estudo mostrou que as emissões mundiais estão a caminho de alcançar, em 2021, os níveis anteriores à pandemia.

Na grande passeata que reuniu milhares de jovens ativistas em Glasgow na sexta-feira, os manifestantes mostraram, porém, sua insatisfação com o que consideram ser pura conversa fiada.

“Esta não é mais uma conferência sobre o clima. É um festival global de lavagem de imagens”, criticou Greta.

Os negociadores farão uma pausa no domingo antes do que se antecipa como uma semana frenética e de duras disputas sobre questões fundamentais, mas divisivas. Entre elas, estão as normas que regem os mercados de carbono e a transparência, para que todos possam monitorar se os demais cumprem o que prometem.

Os compromissos de redução das emissões para 2030, com os quais os países chegaram à COP26, deixam a Terra a caminho de um aquecimento de +2,7ºC até o final do século, alertam os especialistas.

Até agora, o aumento da temperatura média global tem sido de 1,1ºC em relação à era pré-industrial e já está causando incêndios e secas cada vez mais intensos, destruindo habitats e causando deslocamentos populacionais no mundo todo.

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