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Milhares de manifestantes vão às ruas na Alemanha contra ‘acordos’ com a extrema direita

Os manifestantes se reuniram sob o lema `Não aos pactos com os fascistas: Nunca e em lugar nenhum!`

Manifestantes na Alemanha contra acordos com a extrema direita. Foto: AFP
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Milhares de manifestantes foram às ruas em Erfurt, capital do estado alemão da Turíngia, onde a eleição do representante da região graças à extrema direita provocou um terremoto político na Alemanha.

Os manifestantes se reuniram ao meio-dia no centro da cidade, sob o lema “Não aos pactos com os fascistas: Nunca e em lugar nenhum!”. Entre cartazes e bandeiras, podia-se ler alguns que diziam “Não queremos o poder a qualquer preço”.

A manifestação na cidade, localizada no território da antiga e comunista República Democrática Alemã (RDA), foi organizada por ONGs, artistas, sindicalistas e autoridades políticas, reunidos na aliança #Unteilbar (indivisível) e apoiados por movimentos como Fridays for Future e Bund.

“Manifesto-me  porque a influência da AfD (força de extrema direita Alternativa para a Alemanha) torna-se muito incômoda nas regiões do Leste”, explica a moradora de Erfurt Maria Reuter, 74. “Continuo sendo otimista, mas limites foram ultrapassados.”

A eleição surpreendente do liberal Thomas Kemmerich no último dia 5, graças aos votos da direita conservadora e da extrema direita, gerou manifestações em todo o país.

‘Fim de um tabu’

Diante dos protestos, o candidato, do pequeno partido liberal FDP, jogou a toalha 24 horas após a sua eleição por uma estreita margem. Mas para os organizadores da manifestação, o estrago já estava feito. “Esta eleição marca o fim de um tabu”, disse à imprensa alemã Maximilian Becker, porta-voz da aliança. “Queremos mostrar que o que acontece na Turíngia não ficará sem resposta.”

Como amostra do clima de tensão na Alemanha, sedes do FDP são alvo de ataques em todo o país há dias, segundo a revista “Spiegel”. Já a Afd, partido de extrema direita criado em 2013, pretende continuar dinamitando o jogo político alemão, Na Turíngia, as instituições estão paralisadas há mais de uma semana.

A extrema direita, acusada pela chanceler Angela Merkel de querer destruir a democracia, ameaça agora transferir seus votos, no caso de uma nova eleição na região, a Bodo Ramelow, personalidade da esquerda radical que esteve à frente da Turíngia até 2019 e rejeita qualquer contribuição de votos do outro extremo do tabuleiro político.

Os partidos, com exceção da AfD, devem se reunir na próxima segunda-feira, em Erfurt, para buscar uma saída para a crise. Várias opções estão sobre a mesa para governar a região, núcleo das incertezas envolvendo o cenário eleitoral alemão. A crise se propaga em uma Alemanha que viverá até 2021 o fim da era Angela Merkel, chanceler no poder há 14 anos.

Alguns membros do partido conservador CDU, principalmente nas regiões da antiga Alemanha Oriental, estão inclinados a se aliar à extrema direita, particularmente poderosa nessas regiões do país.

A retórica da AfD ressoa na antiga RDA, mais pobre. Na Turíngia, o salário médio anual era de 35.701 euros em 2018, contra a média de 42.962 na Alemanha, segundo o departamento de estatísticas.

Embora o desemprego nesta parte do país seja apenas um pouco superior ao índice federal (5,3%, contra 5%), a Turíngia observa um grave déficit de natalidade, os jovens estão partindo, e mais de um em cada quatro habitantes (25,7%) tem mais de 65 anos, contra um em cada cinco na Alemanha.

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