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Milei veta lei que aumenta aposentadorias na Argentina

O veto, que ocorre em um contexto de mais de 250% de inflação anual no país, atinge integralmente lei aprovada pelo Parlamento

Milei veta lei que aumenta aposentadorias na Argentina
Milei veta lei que aumenta aposentadorias na Argentina
Presidente da Argentina, Javier Milei – Foto: Tomas Cuesta/AFP
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O presidente argentino, Javier Milei, vetou um aumento de 8,1% nas aposentadorias e pensões aprovado por ampla maioria no Congresso, de acordo com uma decisão publicada nesta segunda-feira 2 no Diário Oficial.

O veto, que ocorre em um contexto de mais de 250% de inflação anual na Argentina, atinge integralmente a lei aprovada pelo Parlamento, que também estabelecia uma nova fórmula para o cálculo das atualizações de aposentadorias com base na evolução dos preços e no índice de salários.

A aposentadoria mínima na Argentina é de 225.454 pesos, cerca de R$ 1.350,00 na cotação oficial.

No entanto, a cesta básica dos aposentados, medida pela Defensoria da Terceira Idade, mais que triplica esse valor, situando-se em 685.041 pesos em março, cerca de R$ 4,1 mil na última medição publicada. Estimativas privadas apontam que esse montante básico superou os 900.000 pesos, cerca R$ 5,3 mil, em julho passado, devido ao aumento dos preços de medicamentos, aluguéis e serviços públicos.

De acordo com o decreto, o ultraliberal Milei vetou a norma por ser “manifestamente violadora do marco jurídico vigente, na medida em que não contempla o impacto fiscal da medida nem determina a fonte de seu financiamento”.

Em contraste, no fim de julho, Milei decretou um aumento de cerca de 102 milhões de dólares, R$ 577 milhões, para os gastos reservados – sem prestação de contas – da Secretaria de Inteligência, o que representou um incremento de seu orçamento de mais de 700%.

O Congresso pode reverter o veto presidencial e confirmar a lei se alcançar dois terços dos votos em ambas as Câmaras, onde o governo é minoria e está dividido.

Desde que assumiu a presidência em 10 de dezembro passado, o presidente tem apresentado a meta do equilíbrio fiscal como uma das principais prioridades de seu governo.

No primeiro semestre deste ano, a Argentina obteve o primeiro superávit fiscal desde 2008 com a implementação de um drástico corte nos gastos estatais, o que resultou na paralisação de obras públicas, dezenas de milhares de demissões no setor público e congelamento de fundos para educação, saúde e assistência social.

No entanto, estudos privados estimam que mais de 33% do ajuste fiscal recaiu, devido à falta de atualização, sobre o sistema de aposentadorias e pensões, que beneficia cerca de sete milhões de pessoas.

A inflação passou de 20,6% ao mês em janeiro para 4% em junho, em uma economia que enfrenta uma profunda recessão com colapso do consumo e aumento do desemprego.

O PIB caiu 5,1% em relação ao ano anterior no primeiro trimestre e mais da metade da população vive na pobreza.

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