Mundo
Milei diz que seu programa econômico não mudará após derrota eleitoral
O revés eleitoral ocorreu em meio a um escândalo de suposta corrupção que envolve Karina Milei, irmã do presidente


O presidente argentino, Javier Milei, reafirmou nesta terça-feira 9 que seu programa econômico não se moverá “nem um milímetro”, apesar do revés eleitoral de domingo, e reiterou como prioridades o “equilíbrio fiscal” e uma política cambial semiflutuante.
No domingo, o governo perdeu as eleições legislativas locais de Buenos Aires, distrito-chave que reúne 40% do eleitorado argentino, a poucas semanas das eleições nacionais.
O revés eleitoral ocorreu em meio a um escândalo de suposta corrupção que envolve Karina Milei, irmã do presidente, apontada em supostas propinas em compras da área nacional de deficiência.
Nesse contexto, Milei reafirmou na rede X: “Tal como assinalei no domingo, não nos moveremos nem um milímetro do programa econômico”.
O presidente destacou o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) e citou uma mensagem desse organismo na qual afirma que trabalha “estreitamente com as autoridades argentinas enquanto implementam seu programa para consolidar a estabilidade e melhorar as perspectivas de crescimento do país”.
A porta-voz do FMI, Julie Kozack, respaldou o compromisso com a sustentabilidade cambial e monetária, o “âncora fiscal” e a agenda de desregulamentação.
Milei enumerou os pilares de seu plano: equilíbrio fiscal — que permitiu um superávit nas contas públicas em 2024 pela primeira vez desde 2010 —, restrição na emissão monetária e respeito às bandas cambiais pactadas com o FMI.
O sistema de bandas, acordado com o FMI em um programa de 20 bilhões de dólares em abril — dos quais 14 bilhões já desembolsados —, impede o governo de intervir no mercado cambial salvo se o dólar sair da faixa de 975 a 1.470 pesos (3,74 a 5,64 reais), que varia com microdesvalorizações mensais de 1%.
O governo enfrenta as repercussões econômicas de sua derrota. Na segunda-feira, algumas ações argentinas em Wall Street tiveram quedas de 15%, enquanto a Bolsa de Buenos Aires fechou com um recuo de 13%.
Por sua vez, o dólar deu um salto e chegou a tocar, em alguns momentos, o teto da banda de flutuação, fechando em 1.425 pesos no Banco Nación, mesmo valor do fechamento de terça-feira, uma alta de 3,26% em relação à sexta-feira.
Na terça-feira da semana passada, o governo argentino já havia anunciado a intervenção no mercado de câmbio para conter o dólar, embora a cotação não tivesse ultrapassado o teto da banda.
No domingo, o partido A Liberdade Avança, do mandatário ultraliberal, obteve 33,7% dos votos, quase 14 pontos atrás do opositor peronismo, reunido no Força Pátria, que venceu com 47,2%.
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