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Milei aumenta salário mínimo em 30% na Argentina, que tem inflação anual de 254%

Mínimo será aumentado em duas partes; valor é abaixo dos 85% pedido por centrais sindicais, que se movimentam para novos protestos

O presidente da Argentina, Javier Milei. Foto: Juan Mabromata/AFP
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O governo de Javier Milei vai subir o salário mínimo na Argentina. No país – que enfrenta uma inflação anual acima dos 250% e vê os índices de pobreza subirem ano a ano – o salário mínimo será ajustado em 30% e o aumento será feito por partes. 

A decisão foi anunciada pelo porta-voz do governo, Manuel Adorni, na última terça-feira 20. O último reajuste, que estabeleceu o salário mínimo em 156 mil pesos, foi feito em dezembro do ano passado.

Em fevereiro, o salário será de 180 mil pesos (ou cerca de R$ 1.007 pela cotação oficial), o que representa um aumento. A partir de março, o complemento do ajuste levará o mínimo para 202,8 mil pesos (cerca de R$ 1.136 pela cotação oficial).

Segundo o porta-voz presidencial, a decisão foi tomada porque o Conselho do Salário Mínimo – composto por representantes empresariais e de sindicatos, além do próprio governo – não chegou a um acordo na discussão sobre a remuneração básica.

A Confederação Geral do Trabalho (CGT), por sua vez, acusou o governo de boicotar as possibilidades de acordo, “rompendo uma longa tradição de diálogo social tripartite”.

A entidade, que é a principal agremiação sindical da Argentina, pedia uma aumento de 85% no salário mínimo (o que levaria o piso para cerca 288 mil pesos), como forma de compensar os altos índices inflacionários no país.

Nos dois primeiros meses do governo Milei, a inflação mensal na Argentina atingiu 25,5% (em dezembro) e 20,6% (em janeiro). Segundo agentes de mercado e empresas de consultoria, os efeitos mais agudos da crise na Argentina poderão ser sentidos entre março e abril deste ano. 

Já o ministro da Economia, Luis Caputo, afirmou, em entrevista no início desta semana, que a inflação de fevereiro deverá ser “mais próxima dos 10% do que dos 20%. 

Em todo caso, o desafio no país, com o novo salário, será saber em que medida os novos valores poderão fazer frente à inflação que não dá trégua. O conjunto de elementos da crise também contribui para o crescimento da pobreza, que, atualmente, aproxima-se da casa dos 60%, segundo um levantamento do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA).

Insatisfeita com o valor mais baixo do que o esperado, a CGT já trabalha com a possibilidade de uma nova paralisação geral na Argentina, que ainda não teria data para acontecer. A mais recente ocorreu em janeiro, já sob o governo Milei.

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