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Mianmar espera chegada de enviada da ONU e contabiliza mais de 600 mortos pelos militares

Depois do golpe, junta militar aperta a repressão e o controle sobre os meios de comunicação no país

(Foto: Handout / FACEBOOK / AFP)
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A repressão da junta militar em Mianmar fez novas vítimas nesta sexta-feira 9. Pelo menos quatro pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas em Bago, uma cidade perto de Yangon. A marca de 600 mortos foi ultrapassada desde o golpe militar de 1º de fevereiro: pelo menos 614 pessoas foram mortas segundo a AAPP, a Associação de Assistência a Presos Políticos.

No plano diplomático, a enviada da ONU a Mianmar, Christine Schraner Burgener, será recebida pela vizinha Tailândia como parte de uma viagem à Ásia nos próximos dias, para tentar encontrar uma solução para a crise.

Christine Schraner Burgener vem tentando convocar um encontro com os generais birmaneses há mais de dois meses, sem sucesso. Com o apoio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ela também deseja se reunir com líderes civis detidos, incluindo o ex-presidente Win Myint e a ex-chefe de governo Aung San Suu Kyi.

“Burgener está obviamente pronta para retomar o diálogo com os militares e ajudar Mianmar a retornar ao caminho democrático, à paz e à estabilidade”, disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, na quinta-feira.

Enquanto espera pelo sinal verde da junta militar, a enviada da ONU em breve iniciará um giro asiático com uma primeira parada em Bangkok. Ela deve se encontrar com as autoridades tailandesas, funcionários da ONU da região e, finalmente, com embaixadores credenciados em Mianmar. O giro deve levá-la também à China e aos países membros da ASEAN, a Associação das Nações do Sudeste Asiático.

Uma reunião informal do Conselho de Segurança da ONU também está marcada para esta sexta-feira 9, por iniciativa do Reino Unido, para ouvir em particular Zin Mar Aung, um membro eleito do Parlamento birmanês que falará em nome do grupo de resistência conhecido como CRPH.

Este grupo formado por parlamentares depostos do NLD, Liga Nacional para a Democracia, de Aung San Suu Kyi, afirma ter reunido cerca de 270.000 peças de evidência de violações dos direitos humanos pela junta militar em Mianmar.

 

Mortos nas barricadas

Enquanto isso, os militares estão apertando um pouco mais o controle sobre os meios de comunicação e de informação em Mianmar. Após o fechamento da internet, a junta começou a confiscar antenas de satélite, principalmente no Delta do Irrawady, a sudoeste de Yangon.

Acima de tudo, o sangue voltou a jorrar pela repressão da junta militar na manhã desta sexta-feira. Paramédicos disseram que pelo menos quatro pessoas morreram quando as forças de segurança destruíram barricadas de manifestantes a 65 km de Yangon.

Sanções norte-americanas sobre pedras preciosas

Esta repressão feroz continua a agitar a comunidade internacional. Último incidente até agora, o embaixador birmanês em Londres, favorável a Aung San Suu Kyi, foi afastado do cargo, fato que foi severamente criticado por Londres na quinta-feira. Londres que, no entanto, não teve outra escolha senão aceitar a decisão da junta militar.

O Reino Unido disse nesta sexta-feira que ofereceria proteção ao embaixador deposto. “Saúdo a sua coragem e patriotismo. Vamos apoiá-lo para garantir sua segurança no Reino Unido”, tuitou o ministro das Relações Exteriores britânico, Nigel Adams, após uma reunião na quinta-feira com o embaixador Kyaw Zwar Minn.

Por sua vez, os Estados Unidos anunciaram na quinta-feira sanções contra uma empresa estatal birmanesa produtora de pedras preciosas.

Cúpula

Uma cúpula do Sudeste Asiático sobre a crise em Mianmar será realizada em 20 de abril – anunciou a missão da França na ONU, nesta sexta-feira, acrescentando que a expectativa é de que a reunião aconteça em Jacarta.

“Esperamos ouvir as conclusões da cúpula de emergência que se anunciou para 20 de abril”, afirmou Nathalie Broadhurst, embaixadora adjunta da França nas Nações Unidas, em uma reunião do Conselho de Segurança.

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