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Merkel e Steinbruck debatem ‘fratura social’, às vésperas de eleições alemãs

Chanceler alemã defendeu avanços conquistados em seu último mandato e apostou na recuperação das finanças públicas. Seu adversário social-democrata acusou o governo de ter aumentado as desigualdades

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A chanceler alemã, Angela Merkel, tentou construir, nesta terça-feira 3, o retrato de uma Alemanha forte, enquanto seu adversário social-democrata Peer Steinbruck acusou a chefe de governo de ter aumentado as desigualdades, no último confronto direto no Parlamento antes das eleições legislativas que acontecem em 22 de setembro.

“Foram quatro bons anos para a Alemanha, porque muitas pessoas estão em melhores condições do que há quatro anos”, declarou a chanceler conservadora (CDU), durante um debate no Bundestag, sob os aplausos de seus partidários.

Grande favorita nas pesquisas para um terceiro mandato como chefe de Estado, Merkel elogiou em particular a forte queda do desemprego e a recuperação das finanças públicas, resultado, segundo ela, de uma “política inteligente” que combinou competitividade e solidariedade, disciplina fiscal e investimentos para o crescimento.

Enquanto a chanceler se vangloriava de ter “conquistado o mais elevado nível de emprego que a Alemanha já conheceu” – ainda que lamentando os três milhões de desempregados -, seu rival social-democrata (SPD) ressaltou que o país teve “o maior setor de baixos salários na Europa”.

Steinbrück, que pretende introduzir na Alemanha um salário mínimo de EUR 8,50 por hora, denunciou uma “sociedade quebrada”. “Sete milhões de pessoas ganham menos de EUR 8,50”, criticou, referindo-se aos números de um instituto de pesquisa.

Merkel, no entanto, defendeu o seu conceito de salário mínimo “negociado por partes” entre parceiros sociais. Acordos que abrangem três milhões de empregados, incluindo cabeleireiros, pessoal de manutenção e funcionários da construção civil, adquiriram tais acordos durante o seu mandato, com um salário mínimo negociado. “A esquerda não fez nada nesta área quando esteve no poder”, argumentou a chanceler, admitindo que “ainda há salários inaceitáveis” no país.

Steinbrück, que foi ministro das Finanças de Merkel entre 2005 e 2009, em um governo de coalizão, mostrou-se mais agressivo do que no único debate televisionado entre os dois candidatos no domingo, que terminou, de acordo com enquetes e comentaristas, em um empate para os 17,64 milhões de telespectadores.

Sobre a crise do euro, Merkel elogiou a sua estratégia de solidariedade vis-à-vis os países em crise, em troca de reformas estruturais. Ela mais uma vez descartou qualquer mutualização da dívida caso se mantenha no poder.

Steinbrück, cujo partido votou no Bundestag todas as decisões do governo Merkel para salvar o euro, acusou a chefe de Governo de esconder a verdade sobre o custo da crise e ter sufocado o sul do Europa pela austeridade excessiva. Ele também considerou o terceiro pacote de ajuda à Grécia, anunciado recentemente para o próximo ano pelo ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble, uma “falha de gestão de crises.”

Nenhum levantamento com uma amostra representativa do eleitorado alemão foi publicado sobre o duelo para medir o seu impacto na opinião pública. De acordo com várias pesquisas, cerca de um quarto dos eleitores ainda estava indeciso no final de agosto.

Em pesquisas de popularidade publicadas antes do debate televisionado, cerca de 20 a 30 pontos separavam Steinbrück de Merkel, que continua a ser, de longe, a política favorita dos alemães, pouco afeitos a mudanças.

Uma pesquisa publicada domingo pela manhã creditava a conservadora Merkel com 39% das intenções de voto nas legislativas, mais do que o social-democrata e seu tradicional aliado ecologista combinados (23% e 11%). Os liberais, aliado minoritário na coalizão de governo, eram 6%.

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