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Manifesto de atirador da Nova Zelândia faz menção ao Brasil

Suposto autor do ataque a mesquitas critica a diversidade racial que teria “fraturado” a nação brasileira

Um dos terroristas filmou o atentado (Foto: AFP)
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O suspeito do ataque que deixou ao menos 49 mortos em duas mesquitas na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, nesta sexta-feira 15 publicou na internet um manifesto antes do atentando. No texto de 74 páginas, ele menciona o Brasil.

Intitulado The Great Replacement (A Grande Substituição), o manifesto está repleto de teorias da conspiração populares da extrema direita sobre como europeus brancos supostamente estariam sendo substituídos por imigrantes não brancos. O texto sugere que a ideologia neonazista e a imigração motivaram o atentado.

O Brasil é mencionado na metade do documento, na seção em que o terrorista faz críticas à diversidade racial. “O Brasil com toda a sua diversidade racial está completamente fraturado como nação, onde as pessoas não se dão umas com as outras e sempre que possível se separam e se segregam”, destaca.

No manifesto, o atirador se autodescreve como um “etnonacionalista” que se inspirou em ataques cometidos por extremistas de direita, como o norueguês Anders Behring Breivik, que matou 77 pessoas em 2011 motivado pelo ódio ao multiculturalismo.

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O terrorista afirma ainda que apoia o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “como um símbolo da identidade branca renovada e pelo objetivo comum”. Nesta sexta-feira, o líder americano se manifestou condenando o atentado.

O autor do texto escreve que planejou o ataque por dois anos e que escolheu a cidade alvo há três meses. A ideia para o massacre teria surgido numa viagem que fez à Europa entre abril e maio de 2017, que o teria deixado chocado com a “invasão de imigrantes”.

No manifesto, ele não menciona pertencer a algum grupo ou organização e lista alguns jogos de videogame que o teriam influenciado e que usou para treinar para o atentado.

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O título do manifesto faz referência a um livro escrito pelo francês Renaud Camus, que popularizou a ideia de “genocídio branco”, um termo tipicamente usado por grupos racistas para se referir à imigração e ao crescimento de populações minoritárias.

Após o ataque, Camus disse que o ato “chocante” foi cometido por alguém que não entendeu o seu trabalho e acusou o terrorista de plágio por usar o mesmo título de seu livro. “Sou totalmente não violento. No centro de minha obra está o conceito da inocência, ou seja, de não agravamento e de não violência”, ressaltou.

O livro de Camus foi publicado em 2011. O autor foi condenado em 2015 por incitar o ódio e a violência contra muçulmanos.

O manifesto teria sido escrito por Brenton Tarrant, um australiano de 28 anos que foi preso após o atentado e acusado formalmente de homicídio na manhã de sábado.

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