Manifestantes protestam contra homenagem a Bolsonaro na Itália

Pessoas se reuniram nesta segunda-feira na cidade de Anguillara Veneta, na Itália, para protestar contra a concessão de título à Bolsonaro

Manifestantes protestam contra homenagem a Jair Bolsonaro em Angillara Veneta (1/11/2021). AP - Luca Bruno

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Sob uma chuva persistente e em meio à neblina, representantes de vários partidos de esquerda, assim como do sindicato CGIL e da associação antifascista ANPI, protestaram com bandeiras e cartazes contra a honraria ao presidente brasileiro de extrema direita.

“Que visite a cidade de onde vem sua família é justo, mas não que o apresentem como um modelo a seguir com a concessão do título de cidadão honorário”, criticou Antonio Spada, vereador da oposição.

Ele fez um apelo de última hora para as autoridades locais: “Pedimos para suspender o título de cidadão honorário. Uma pessoa que neste momento é acusado pelo Senado brasileiro de crimes contra a humanidade, é inoportuno receber um título como este”, disse em entrevista à RFI.

O vereador  Andrea Segalla, que trabalha em uma escola em Anguillara, segurava um cartaz com as palavras “Misógino – Racista – Xenófobo = Fascista”.  “Bolsonaro não respeita as mulheres e os direitos humanos. Não queremos ele aqui” disse Segalla.

Homenagem em reduto da extrema direita

Bolsonaro recebe a cidadania ainda nesta segunda-feira, durante uma cerimônia especial na sede da prefeitura de Anguillara Veneta, a pequena localidade de 4.000 habitantes da região de Vêneto, reduto do partido de extrema direita Liga.

Depois do evento, o presidente deve almoçar com vários membros da família Bolsonaro, alguns parentes próximos, em uma elegante residência do século XVII da região.


“Fora Bolsonaro”, afirmava um cartaz, enquanto outro, escrito a mão, declarava “Anguillara ama o Brasil, mas não Bolsonaro”.

Entre os manifestantes mais indignados estava o missionário italiano Massimo Ramundo, que viveu por 20 anos no Brasil, 12 deles no Maranhão, estado que tem 34% do território ocupado pela floresta amazônica.

“É uma vergonha. Estou furioso com a prefeita desta cidade. Ela não sabe o que Bolsonaro fez e disse, não escutou suas declarações de teor racista, contra os indígenas, os vacinados, as mulheres. Além disso, ele quer que a Amazônia seja um negócio. Não respeita os valores do papa Francisco”, afirmou o religioso.

Pequenos grupos de simpatizantes do presidente também compareceram à manifestação, organizada na cidade de onde sua família emigrou há mais de um século.

“Estou aqui para dizer que não está sozinho”, declarou Silvana Kowalsky, 50 anos, que viajou de Vicenza, a 85 quilômetros de distância, para expressar seu apoio.

Com chapéus e bandeiras do Brasil, os simpatizantes do presidente, em menor número, preparam-se para defender a homenagem.  “É um grande presidente e tem o direito, porque é descendente de italianos. Tudo o que a CPI (do Senado) fala dele é mentira”, afirmou o brasileiro Cláudio Resende, de 65 anos, que mora na Itália há 17 anos.

 

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