Mundo
Manifestação contra governo nacionalista da Polônia leva 500 mil pessoas às ruas em Varsóvia
As eleições legislativas na Polônia, cujo resultado pode levar a mudanças no governo nacionalista ultraconservador, estão previstas para acontecer no segundo semestre


A poucos meses das eleições legislativas na Polônia, 500 mil pessoas saíram às ruas de Varsóvia, neste domingo (4), para protestar contra as políticas do partido populista de direita Lei e Justiça (PiS), que governa o país do leste europeu há quase oito anos em constante atrito com a Comissão Europeia. A manifestação foi convocada por líderes da oposição.
A multidão que tomou as ruas da capital polonesa foi incitada a participar da “maior manifestação em 30 anos”, segundo os organizadores, que esperavam a participação de 300 mil pessoas. As eleições legislativas na Polônia, cujo resultado pode levar a mudanças no governo nacionalista ultraconservador, estão previstas para acontecer no segundo semestre, em outubro ou início de novembro, mas ainda não tiveram as datas divulgadas.
Provenientes de todas as regiões do país, os manifestantes carregavam bandeiras polonesas, nas cores branca e vermelha, e também da União Europeia, de fundo azul. Os participantes atenderam ao chamado de Donald Tusk, ex-primeiro-ministro (2007-2010) e ex-presidente do Conselho Europeu (2014-2019), hoje líder do principal partido de oposição centrista, a Plataforma Cívica (PO). Os líderes da maioria dos partidos de oposição incentivaram seus partidários a participar da grande marcha contra o líder do PiS, Jaroslaw Kaczynski, e seus aliados.
Os slogans abrangiam a defesa da democracia, que tem sido atacada por reformas que restringiram o Estado de Direito e as liberdades dos poloneses; a exigência de eleições livres na Polônia e no Parlamento Europeu, em 2024, além de denúncias contra “a alta do custo de vida, fraudes e mentiras” do governo ultranacionalista no poder. Nos cartazes, os manifestantes exibiam frases como “Basta!”, “Não queremos uma Polônia autoritária” e “PiS significa alto custo de vida”.
Lech Walesa dá força à manifestação
Com corações vermelhos e brancos colados ao peito, os líderes do PO abriram a passeata, acompanhados pelo lendário líder do primeiro sindicato livre do mundo comunista na década de 1980, Lech Walesa, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1983. Ausente do cenário político há muito tempo, Walesa, que está com 79 anos, disse que havia esperado “pacientemente” pelo dia em que o partido nacionalista e seu líder Kaczynski teriam que sair. “Sr. Kaczynski, nós viemos buscá-lo. Esse dia chegou”, disse Walesa.
Em um breve discurso no início da manifestação, Donald Tusk enfatizou que a missão da oposição é “de importância comparável” à da década de 1980 e à luta contra o comunismo.
A data do protesto, que a oposição vê como um momento decisivo em sua marcha rumo a uma possível vitória eleitoral, coincide com o 34º aniversário das primeiras eleições parcialmente livres na Polônia, que aceleraram a queda do comunismo na Europa.
Naquela época, o movimento sindical Solidariedade (Solidarność), fundado por Walesa, conseguiu conquistar 160 cadeiras na Câmara dos Deputados, ocupando quase todas as vagas a que tinha direito, o equivalente a 35% do plenário, e 99% dos mandatos de senador.
(Com informações da AFP)
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Indígenas Guarani mantêm ato contra marco temporal em SP, apesar de decisão do TJ-SP
Por Brasil de Fato
Funcionárias da Globo protestam após novo caso de assédio sexual vir à tona
Por CartaCapital