Mundo

Mais de 2.500 migrantes morreram no Mediterrâneo em 2023

Número de mortos na travessia já é 48% maior que no mesmo período de 2022. Cerca de 186 mil migrantes chegaram à Europa partindo da costa do Norte da África, maioria desembarcou na Itália

A ilha italiana de Lampedusa registrou um pico de 7.000 migrantes – o equivalente a toda a população local. Foto: Alessandro Serranò / AFP
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Mais de 2.500 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo enquanto tentavam chegar à Europa nos nove primeiros meses de 2023, informou nesta quinta-feira (28/09) o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). É um aumento expressivo em relação aos 1.680 migrantes mortos ou desaparecidos no mesmo período em 2022: 48% a mais.

Os migrantes e refugiados “correm risco de morte e graves violações dos direitos humanos na travessia”, frisa Ruven Menikdiwela, diretor do Acnur em Nova York.

O balanço foi divulgado no mesmo dia em que diversos ministros do Interior de países-membros da União Europeia se reuniram em Bruxelas para discutir como lidar com a migração ilegal no sul da Europa.

Recorde de chegadas

Cerca de 186 mil já chegaram à Europa pelo Mar Mediterrâneo partindo do orte da África, entre janeiro e 24 de setembro, de acordo com o Acnur.

Desse total, 130 mil desembarcaram na Itália, um aumento de 83% em relação a 2022. Outros desembarcaram na Grécia, Espanha, Chipre e Malta. Quanto à origem dos migrantes, 102 mil cruzaram o Mediterrâneo vindos da Tunísia e 45 mil, da Líbia. Aproximadamente 31 mil foram resgatados no mar ou interceptados e levados para a Tunísia. Outros 10.600 foram desembarcados na Líbia.

Menikdiwela, da Acnur, lembrou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que a jornada terrestre dos países da África Subsaariana, de onde muitos migrantes são originários, até os pontos de partida na costa da Líbia e da Tunísia, “continua sendo uma das mais perigosas do mundo”: “Vidas também são perdidas em terra, longe da atenção do público.”

Ministro tunisiano cobra apoio europeu

O ministro do Interior da Tunísia, Kamel Fekih, afirma que seu país não conta com muitos recursos para conter o fluxo de migrantes para a Europa: “Desde o início, enfatizamos que a migração não pode ser gerenciada sem que se abordem suas causas. Mas a Tunísia só pode proteger suas próprias fronteiras. Ela não pode agir comi um guarda de fronteira para outros, exceto [indiretamente] pelo monitoramento de suas próprias fronteiras.”

Fekih também se referiu à difícil situação econômica nacional: “A Tunísia está numa situação difícil. Portanto não temos condições de receber esse número de imigrantes africanos dos países subsaarianos e do Sahel [faixa da África entre o Saara e a savana sudanesa].”

O ministro também deixou claro que espera o pagamento em breve da ajuda financeira prometida pela UE como parte de um pacote de cooperação recentemente acordado para combater travessias ilegais e a ação de criminosos que exploram o tráfico humano.

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