Economia

Mais de 1,1 bilhão de pessoas vivem em pobreza aguda, denuncia PNUD

‘Nas nações devastadas pela guerra, os índices de pobreza são três vezes mais elevados do que em ambientes mais pacíficos’, destaca o responsável pelo programa na ONU

Mais de 1,1 bilhão de pessoas vivem em pobreza aguda, denuncia PNUD
Mais de 1,1 bilhão de pessoas vivem em pobreza aguda, denuncia PNUD
A pobreza aguda atinge países em conflito de forma ainda mais intensa, revela um relatório da ONU. Na foto, uma família palestina sofre com os efeitos da guerra em Gaza. Foto: Eyad BABA / AFP
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Mais de 1,1 bilhão de pessoas – um em cada oito cidadãos do planeta – vivem em pobreza aguda, metade delas menores de idade, denunciou nesta quinta-feira (17) o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que alerta para uma situação três vezes pior nas zonas de conflito.

A pobreza aguda em zonas de conflito afeta a média de 34,8% da população, contra 10,9% nos países em paz, segundo o Índice de Pobreza Multidimensional Global (IPM) que o PNUD e a Iniciativa de Oxford sobre Pobreza e Desenvolvimento Humano elaboram desde 2010.

Ao contrário do Banco Mundial, que define a pobreza extrema como quando uma pessoa recebe no máximo 2,15 dólares por dia (12 reais na cotação atual), o IPM é elaborado a partir de indicadores como a falta adequada de habitação, saneamento, energia elétrica, combustível para cozinhar, nutrição e escolaridade.

“O IPM 2024 mostra um quadro preocupante”, afirma o diretor de estatísticas do Relatório sobre Desenvolvimento Humano do PNUD, Yanchun Zhang, que alerta que dos 1,1 bilhão de pobres multidimensionais, “455 milhões vivem à sombra de conflitos”.

“Nas nações devastadas pela guerra, os índices de pobreza são três vezes mais elevados do que em ambientes mais pacíficos. As privações que as pessoas enfrentam – seja em termos de nutrição, água, saneamento, eletricidade ou educação – são de três a cinco vezes mais graves”, disse à AFP.

“Para os pobres dos países afetados por conflitos, a luta pelas necessidades básicas é uma batalha muito mais dura e desesperada”, acrescentou.

Em 2023, o planeta registrou mais conflitos do que em qualquer momento desde a Segunda Guerra Mundial, recorda o relatório.

As conclusões do documento, que examina a situação de 112 países, onde vivem 6,3 bilhões de pessoas, são que a pobreza afeta mais as zonas rurais (28%) do que as zonas urbanas (6,6%); que os jovens com menos de 18 anos são mais afetados (27,9%) do que os adultos (13,5%) e que a maioria (83,2%) dos pobres do mundo vive na África Subsaariana e no sudeste da Ásia.

Os cinco países com maiores níveis de pobreza são Índia (234 milhões), Paquistão (93 milhões), Etiópia (86 milhões), Nigéria (74 milhões) e República Democrática do Congo (66 milhões).

Na América Latina, 5,8% da população (34 milhões) sofre de pobreza multidimensional. O Haiti lidera a lista da região, com 41,3% da população em situação de pobreza aguda, seguido pela Guatemala com 28,9%.

Para Sabina Alkire, diretora da Iniciativa de Oxford, as guerras e os conflitos não só deixam “cicatrizes profundas e duradouras nas vidas de muitas maneiras”, mas também “dificultam a redução da pobreza”.

“Isto apresenta à comunidade internacional o desafio inevitável de se concentrar na redução da pobreza e promover uma paz duradoura”, afirmou.

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