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Mães da Praça de Maio recebem apoio de ativistas na Argentina

A organização luta por informações sobre os desaparecidos da ditadura e denuncia o negacionismo de Javier Milei

Members of leftist movements demonstrate during the first protest, called by the Polo Obrero labour union, against elected President Javier Milei and his plans to reform the economy, in Buenos Aires on November 23, 2023, after joining Madres de Plaza de Mayo association members in their weekly protest for the people who disappeared during the 1976-1983 Argentine dictatorship. Libertarian outsider Javier Milei swept to victory in Argentina's presidential election on November 19, vowing to halt decades of economic decline in a country reeling from triple-digit inflation. (Photo by Luis ROBAYO / AFP) Protesto em Buenos Aires, em 23 de novembro de 2023. Foto: Luis Robayo/AFP
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Centenas de ativistas acompanharam nesta quinta-feira 23 a tradicional ronda das Mães da Praça de Maio, a organização que luta por informações sobre os desaparecidos da ditadura argentina (1976-83) e que denuncia o “negacionismo” do futuro governo do libertário de extrema-direita Javier Milei.

Com os característicos lenços brancos na cabeça, as Mães também fizeram uma homenagem a sua ex-presidenta Hebe de Bonafini, falecida há um ano.

“Nós, as Mães, viemos todas as quintas, mas hoje é um dia mais que especial, completa um ano do falecimento de Hebe de Bonafini. Também viemos pelo negacionismo do futuro governo que vamos ter. É como um sinal de protesto para defender nossos queridos 30.000 desaparecidos”, declarou à AFP Carmen Ramiro, de 89 anos e que busca informações sobre seu marido e seu filho mais velho.

Bandeiras de organizações sociais encheram a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede da Presidência. Fotos de Bonafini foram colocadas em torno da Pirâmide, o monumento ao redor do qual as Mães marcham desde 1977 e onde foram espalhadas as suas cinzas.

As organizações de defesa dos direitos humanos estão em alerta com a posse de Milei, libertário e ultraliberal que questiona a cifra de 30.000 desaparecidos da ditadura e que alega que o ocorrido foi uma “guerra”, na qual as forças do Estado cometeram “excessos”.

Houve um genocídio. Não foi uma guerra. Saímos às ruas com o lema de aparecer vivos e julgar e punir os culpados. Muitas mães já morreram sem saber o que aconteceu com seus filhos. Também não sei o que aconteceu com o meu. Seguirei caminhando até o fim da minha vida”, disse Ramiro.

Em 1985, ao retornar à democracia, a Argentina realizou um julgamento histórico das Juntas Militares. Sobreviventes revelaram um plano sistemático para perseguir e assassinar opositores, muitos lançados no Rio da Prata nos chamados “voos da morte”.

Após anular leis de anistia em 2005, a Justiça condenou mais de mil agentes da repressão em cerca de 330 julgamentos por crimes de lesa humanidade. Dezenas ainda estão sendo fundamentados.

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