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Maduro vence González por 51% a 44%, diz o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela
A divulgação do resultado ocorreu na madrugada desta segunda-feira 29, cerca de seis horas depois de terminar a votação
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi reeleito para seu terceiro mandato, segundo o Conselho Nacional Eleitoral. O anúncio ocorreu por volta de 1h10 (de Brasília) nesta segunda-feira 29, mais de seis horas após o encerramento da votação.
Com 80% dos votos computados, Maduro tem 51,20% dos votos, contra 44,2% de González, de acordo com o Conselho. “O boletim marca uma tendência contundente e irreversível”, afirmou Elvis Amoroso, presidente do órgão. Participaram da eleição cerca de 59% dos eleitores aptos a votar.
Segundo Amoroso, uma “agressão contra o sistema de transmissão de dados” retardou a contagem.. A oposição, porém, não reconhece o resultado.
Cerca de uma hora após o anúncio do CNE, María Corina Machado, a principal liderança da oposição, contestou os dados oficiais.
“A Venezuela tem um novo presidente eleito, e é Edmundo González”, disse Corina, ao lado do aliado. “Ganhamos, e todo mundo sabe. Ganhamos em todos os estados do país.”
Em Caracas, minutos depois da confirmação do CNE, Maduro discursou a apoiadores e afirmou que o resultado marca “o triunfo da independência nacional e da dignidade do povo”. Ele também pediu “respeito à vontade popular”.
“Haverá paz, estabilidade, respeito à lei e justiça depois de 28 de julho, a partir de hoje”, afirmou. “Não puderam com as sanções, com as agressões, com as ameaças. Não puderam agora e não poderão jamais.”
Em rápida reação, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, cobrou uma recontagem “justa e transparente” dos votos.
“Agora que a votação terminou, é de vital importância que cada voto seja contado de forma justa e transparente. Convocamos as autoridades eleitorais a publicar a recontagem detalhada dos votos para assegurar a transparência e a prestação de contas”, afirmou Blinken em um comunicado.
Maduro, por sua vez, alegou que o sistema eleitoral “é de altíssimo nível de confiança, segurança e transparência”.
“Digam-me em que país se faz uma auditoria no sistema eleitoral. Não quero citar países, deixo apenas para sua reflexão: que país revisa seu sistema eleitoral para assegurá-lo? A Venezuela”, declarou.
Depois de um processo eleitoral marcado por disputas acirradas com as forças de oposição, especialmente Corina e González, Maduro terá o desafio de conduzir a Venezuela rumo à estabilidade política.
No poder desde 2013, ele deverá dar continuidade até 2030 ao sistema implementado por seu antecessor, Hugo Chávez.
Nascido em Caracas, Nicolás Maduro exerceu o cargo de ministro das Relações Exteriores entre 2006 e 2012, quando foi alçado à vice-Presidência. Chegou ao poder após a morte de Chávez.
Foi o próprio Chávez quem, já doente, determinou o futuro político do aliado. Em seu último pronunciamento em rede nacional, no fim de 2012, o “comandante” disse que tinha uma opinião “firme, absoluta e total” de que a Venezuela deveria eleger Maduro no pleito marcado para o ano seguinte.
Durante seus mais de dez anos de governo, o país atravessou severos problemas econômicos. O argumento principal do governo Maduro é que a crise resulta das sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, o que a oposição contesta.
Principal fonte de recursos da Venezuela, o petróleo ilustra as idas e vindas da economia sob Maduro. Em 2013, segundo a Opep, o país produziu cerca de 2,4 milhões de barris diariamente. Quase dez anos depois, em 2022, a produção não passava dos 720 mil barris diários.
Por outro lado, o passado recente mostra certa recuperação econômica. A produção industrial avançou 16,9% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2023, de acordo com a Confederação Venezuelana de Industriais.
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