Mundo
Maduro denuncia ‘ataque massivo’ a sistema eleitoral na Venezuela; veja o que se sabe sobre o caso
Presidente declarado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela disse saber ‘de que país’ teria surgido o ataque, mas evitou fornecer detalhes do ‘caso em investigação’
Logo depois de ter sido declarado vencedor da eleição pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, na madrugada desta segunda-feira 29, o presidente Nicolás Maduro afirmou que houve um ataque massivo ao sistema de transmissão do órgão eleitoral.
Maduro não apresentou provas sobre o suposto ataque, mas disse saber “de que país” teria surgido o atentado cibernético, sem, no entanto, fornecer detalhes da acusação.
O próprio CNE também apontou que teria havido uma “agressão contra o sistema de transmissão de dados que atrasou de maneira adversa a transmissão dos resultados” das eleições presidenciais.
O órgão eleitoral apontou, ainda, que solicitou uma investigação sobre o que chamou de “ações terroristas contra nosso sistema eleitoral, contra os centros de votação e contra os funcionários eleitorais”. A página oficial do CNE segue fora do ar.
Subindo o tom na acusação dos ataques, Maduro declarou, ainda no discurso após a vitória, que os órgãos de investigação do país já estão apurando o caso, apontando que o suposto ataque hacker tinha como objetivo fazer com que a população não tivesse acesso aos resultados oficiais.
Envolvimento de Maria Corina
Pouco depois da denúncia de Maduro, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, um aliado do presidente, vinculou a líder opositora María Corina Machado ao caso. Segundo informou Saab, ela seria uma das responsáveis pelo suposto ataque que teria como objetivo ‘adulterar’ o resultado das urnas.
“O principal envolvido neste ataque seria o cidadão Lester Toledo (…) , junto com ele aparecem como envolvidos o foragido da justiça venezuelana Leopoldo López e María Corina Machado”, disse Saab à imprensa, após anunciar a abertura de uma investigação.
Sistema argentino
Desde 2004, o voto na Venezuela é eletrônico. A empresa responsável pelo sistema é a argentina ExClé.
A transmissão dos dados das urnas eletrônicas é feita pela internet, através de um sistema criptografado. Essa transmissão, no geral, leva algumas horas e foi atrasada para a madrugada desta segunda-feira 29 após o suposto ataque.
Até o momento, as atas da votação ainda não foram apresentadas. Essa demora para exibição dos documentos é, inclusive, alvo das maiores cobranças de parte da comunidade internacional ao questionar a lisura do resultado.
A principal declaração sobre o tema foi dada pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que pediu uma ‘recontagem transparente’ dos votos. Ele foi seguido pelo presidente do Chile, Gabriel Boric, e, depois, por parte relevante de países ocidentais.
Maduro, por sua vez, foi celebrado por aliados na Ásia e América. Rússia e China lideram a lista de principais países a reconhecerem a vitória do venezuelano.
(Com informações de AFP)
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
EUA pedem recontagem ‘justa e transparente’ dos votos na Venezuela
Por CartaCapital
Confira as reações internacionais ao resultado da eleição presidencial na Venezuela
Por CartaCapital



