Mundo

Macron enfrentará desafios de um país dividido após reeleição

Imprensa francesa analisa os desafios do segundo mandato do presidente Emmanuel Macron, reeleito com 58,5% dos votos contra 41,4% para Marine Le Pen, da extrema-direita

Foto: Ludovic MARIN / AFP
Apoie Siga-nos no

Em seus editoriais, a imprensa francesa analisa, nesta segunda-feira (22) os desafios do segundo mandato do presidente Emmanuel Macron, reeleito com 58,5% dos votos contra 41,4% para Marine Le Pen, da extrema-direita.

Com a manchete “Uma vitória e mil desafios”, o jornal La Croix resume a análise compartilhada por quase todos os jornais do país.

O diário econômico Les Echos cita um “imenso alívio”. “Mais uma vez o povo francês deu provas de sabedoria ao descartar o extremismo, mas Macron enfrenta enormes desafios em um país marcado por dúvidas”.

Na avaliação do Le Monde, Macron obteve uma vitória sem triunfalismo ante a votação expressiva obtida pela extrema direita. “Ele dirigirá um país dividido e prevê anos difíceis pela frente, embora tenha dito em seu discurso que compreendeu a mensagem de insatisfação enviada pelos franceses”, aponta o jornal. Le Monde destaca que apesar de Marine Le Pen se declarar vitoriosa, por ter ampliado em 7 pontos seu resultado em relação à eleição de 2017, “ela fracassou pela terceira vez em sua estratégia de chegar ao Palácio do Eliseu”.

Para demonstrar que seu futuro governo levará em conta a demanda dos eleitores frustrados com essa votação, Macron definiu como uma prioridade de seu novo mandato proteger o poder de compra dos franceses, tema da campanha de Le Pen. As primeiras medidas previstas nesse sentido são a reindexação das pensões de aposentadoria à inflação, diminuir os impostos de trabalhadores autônomos e a adoção de uma lei que obrigará as empresas que obtiverem lucros a pagar um “dividendo para os empregados”, destaca o Le Monde.

Para o Le Parisien, a votação obtida por Macron não deve ser minimizada. Desde a década de 1960, apenas três presidentes conseguiram ser reeleitos e ele agora faz parte deste seleto clube de vencedores, como o general Charles de Gaulle, François Mitterrand e Jacques Chirac. Aos 44 anos, Macron segue como o presidente mais jovem da história da França. No primeiro turno, dois terços dos eleitores votaram em candidatos antissistema e Macron venceu com 17 pontos de vantagem sobre Marine Le Pen, insiste o Le Parisien em seu editorial.

Mobilização democrática dos franceses

Com a manchete “Obrigada a quem?, o jornal Libération diz que Macron deve sua vitória à mobilização democrática dos franceses. O essencial, que era derrotar a extrema-direita de Marine Le Pen, foi preservado, mas o país sai das urnas dividido e fragilizado, destaca o Libération. Em tom crítico, o editorial diz que Macron “não combateu as raízes do mal-estar” que há vários anos se manifesta na sociedade francesa. Na avaliação do Libération, Macron deve eleger como prioridades uma governança mais democrática, voltada para o social e ecológica.

O diário conservador Le Figaro afirma que apesar do elevado grau de abstenção (28%) e do voto para barrar a extrema-direita, a legitimidade de Macron não pode ser questionada. Em 2017, Macron tinha um quarto de eleitores; hoje tem um terço, o que é um avanço inegável. Aléxis Brézet, diretor de redação do Le Figaro, elenca uma lista de ações esperadas neste segundo mandato, entre elas o saneamento das contas públicas, continuidade nas reformas de modernização do Estado, audácia para reconstruir a escola pública e reinventar o sistema hospitalar.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.