Mundo

Macron diz que Brasil tem papel ‘muito importante’ na solução para guerra na Ucrânia, mas faz cobrança a Lula

O presidente da França é um dos muitos aliados de Volodymyr Zelensky na Europa. O presidente brasileiro, porém, nunca se alinhou ao ucraniano

Macron diz que Brasil tem papel ‘muito importante’ na solução para guerra na Ucrânia, mas faz cobrança a Lula
Macron diz que Brasil tem papel ‘muito importante’ na solução para guerra na Ucrânia, mas faz cobrança a Lula
Os presidentes Lula e Macron. Foto: Christophe PETIT TESSON / POOL / AFP
Apoie Siga-nos no

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do Brasil, e Emmanuel Macron, da França, deram as cartas sobre o papel das partes envolvidas na guerra da Ucrânia, durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira 5, em Paris. Assim como nas declarações sobre o acordo entre União Europeia e Mercosul, os políticos divergiram. 

Para Macron, “o Brasil tem um papel muito importante” na busca pela paz na região. Ele citou a iniciativa tomada pelo país em conjunto com a China para tentar alcançar um cessar-fogo. Macron, porém, alfinetou o distanciamento de Lula com Volodymyr Zelenksy, presidente da Ucrânia. O ucraniano é apontado pelo Brasil como um dos responsáveis pela guerra, algo que o francês discorda.  

“O papel do Brasil e da China é defender a resolução desse conflito e a paz em pleno respeito à Carta da ONU. Essa carta prevê o respeito à integridade territorial dos Estados, e ela foi violada por só um país, a Rússia, não a Ucrânia. Então, busquemos a paz mas não nos enganemos: só há um país que violou o direito internacional e ele, infelizmente, é um integrante permanente do Conselho de Segurança. Há um só país que lançou essa guerra e há um só país que recusa a paz“, afirmou Macron ao alfinetar a posição já expressada por Lula.

“Há um agressor, a Rússia. Há um agredido, a Ucrânia. Todos nós queremos a paz, mas os dois beligerantes não podem ser tratados de forma igual”, insistiu o francês no recado indireto à postura diplomática do governo brasileiro.

Lula, por sua vez, voltou a adotar a postura habitual sobre o tema: evitando especificar os diferentes graus de culpa entre as partes que estão em conflito. Novamente, indicou seu entendimento de que os dois lados seriam responsáveis pelo início do conflito e, portanto, devem estar envolvidos diretamente nas negociações para o fim da guerra.

“Discuti muito com o Xi Jinping e nos colocamos à disposição: quando os dois [Rússia e Ucrânia] quiserem negociar a paz, nós estaremos dispostos a dar nossa contribuição. Mas são os dois que têm que decidir”, afirmou o brasileiro em resposta a Macron.

Faixa de Gaza

Em Paris, Lula voltou a afirmar que as tensões na Faixa de Gaza e os ataques de Israel configuram um “genocídio”. “Estamos vendo um genocídio na nossa cara todo santo dia”, disse. “Não podemos tratar palestinos como cidadãos de segunda ou terceira categoria”, afirmou Lula.

Macron, por sua vez, sinalizou que pretende ampliar a pressão para um cessar-fogo na região, com consequente entrada de ajuda humanitária.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo