O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que o presidente Lula (PT) “quer ser original” no plano de paz que vem apresentando para o conflito entre o país europeu e a Rússia, mas que “algumas perguntas” precisam ser respondidas para que o plano se concretize. A declaração, publicada nesta quinta-feira 1, foi dada ao jornal Folha de S. Paulo, que entrevistou Zelensky em Kiev.
“Lula quer ser original, e devemos dar essa oportunidade a ele. Agora, é preciso responder a algumas perguntas muito simples”, observou o líder ucraniano, que, em seguida, questionou: “o presidente acha que assassinos devem ser condenados e presos? Creio que, se tiver a oportunidade, ele dirá que sim. Ele encontrará tempo para responder a essa questão?”.
Zelensky disse, ainda, que “ele [Lula] não achou tempo para se reunir comigo, mas, talvez, tenha tempo para responder a essa pergunta”. Essa não é, entretanto, a versão dada pelo governo brasileiro sobre a tentativa frustrada de reunião entre Lula e Zelensky durante a reunião do G7, no último dia 27 de maio.
Segundo o Itamaraty, o governo brasileiro chegou a disponibilizar três horários para a reunião, mas Zelensky não compareceu no momento combinado.
Na entrevista em Kiev, que contou com a participação de sete veículos de imprensa da América Latina, Zelensky destacou que, apesar da falta de adesão dos países latino-americanos às sanções econômicas impostas à Rússia, a maioria apoiou a última resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), que condenou a invasão russa à Ucrânia. Entre os países apoiadores, está o Brasil.
Questionado se gostaria de fazer uma reunião bilateral com Lula, Zelensky disse que já ofereceu a realização de uma reunião “em qualquer formato” e que já convidou “várias vezes” Lula para ir à Ucrânia.
“Estivemos em contato com a equipe dele quando ele estava na Espanha e em Portugal, pensei naquele momento porque a distância era menor e talvez ele conseguisse encontrar um tempo”, afirmou o presidente da Ucrânia, e complementou: “disseram que a gente não havia tentado nem se esforçado para encontrá-lo, isto não é verdade”.
Ele destacou, ainda, que “é importante que a grande potência, o representante da América Latina, o Brasil, esteja envolvido no mesmo patamar de outros países na discussão da fórmula da paz”. Para Zelensky, o Brasil pode ter o seu próprio ponto de vista sobre qual deveria ser o caminho para a paz, “mas precisamos conversar”.
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