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Lula diz que Putin e Zelensky não querem paz e que discurso de Biden não ajuda

Presidente afirmou que esperou o chefe de Estado ucraniano em horário marcado para reunião bilateral, mas ele não compareceu: ‘Fiquei chateado’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que tanto Vladimir Putin, presidente da Rússia, como Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, não demonstram interesse em dialogar sobre a pacificação da guerra no país do leste europeu e que, além disso, o discurso do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, “não ajuda” a instauração de uma mesa de negociações.

As declarações ocorreram na noite deste domingo 21, a jornalistas, no Japão, após a sua passagem pela cúpula do G7, grupo que reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Segundo o petista, havia uma reunião bilateral marcada com Zelensky, mas, apesar de sua equipe ter aguardado no local marcado, o presidente da Ucrânia não compareceu. Em uma coletiva de imprensa posterior, o homólogo ucraniano disse que não tinha espaço na agenda para Lula.

“Eu tinha uma bilateral com a Ucrânia aqui nesse salão às 15h15. Nós esperamos, e aí, recebemos a informação de que eles tinham atrasado. Enquanto isso, eu atendi o presidente do Vietnã, e quando o presidente do Vietnã foi embora, a Ucrânia não apareceu”, relatou. “Certamente, teve outro compromisso e não pôde vir aqui.”

Segundo Lula, o encontro com o primeiro-ministro vietnamita,  Pham Minh Chinh, durou uma hora, e mesmo assim a Ucrânia não se fez presente. O presidente brasileiro também declarou que não foi informado sobre a razão do cancelamento da reunião bilateral.

“Eu não fiquei decepcionado. Eu fiquei chateado, porque eu gostaria de encontrar com ele e discutir o assunto. Por isso que eu marquei aqui no hotel. Apenas isso. Veja, o Zelensky é maior de idade, ele sabe o que faz”, disse Lula.

Lula afirmou que não há um projeto de pacificação pronto para solucionar a questão ucraniana e que essa iniciativa só será possível com a interrupção do conflito armado.

“Os dois não querem. Eu estou dizendo para você que o Celso Amorim foi lá, foi na Rússia, depois foi na Ucrânia, e o Celso Amorim falou: por enquanto, eles não querem conversar sobre paz“, contou Lula. “Ninguém vai querer se render. Negociação não é rendimento. Negociação é negociação. E vai ter um momento que vai querer negociação.”

O presidente brasileiro também criticou o discurso de Biden em relação à guerra.

“Ontem, vocês viram o discurso do Biden. O discurso do Biden é de que tem que ir para cima do Putin até ele se render, pagar tudo o que estragou… Esse discurso não ajuda. Na minha opinião, esse discurso não ajuda. O que ajuda é um discurso de: gente, vamos sentar primeiro?“, afirmou.

Lula também disse não saber se um possível acordo deveria prever que a Ucrânia ceda territórios à Rússia e disse cogitar que o país europeu consiga, a partir de um acordo, recuperar a totalidade das áreas invadidas.

O presidente brasileiro propôs ainda que a Organização das Nações Unidas antecipe a data de realização da Assembleia Geral, prevista para setembro deste ano, para julho. Ele defendeu que a ONU seja o espaço para a discussão sobre a resolução do conflito, e não o G7 ou no G20.

Em discurso aos líderes presentes no G7, Lula havia pregado uma reforma no Conselho de Segurança da ONU que permita a inclusão de novos membros permanentes. Atualmente, o grupo é composto por Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China. Neste ano, o Brasil preside a parte rotativa do bloco.

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