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Lula diz que Israel transformou direito de defesa em ‘vingança’ e cobra Conselho de Segurança da ONU

Presidente brasileiro ainda defendeu que os países façam uma trégua para que os inocentes civis sejam tratados

Lula diz que Israel transformou direito de defesa em ‘vingança’ e cobra Conselho de Segurança da ONU
Lula diz que Israel transformou direito de defesa em ‘vingança’ e cobra Conselho de Segurança da ONU
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Evaristo Sa/AFP
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O presidente Lula (PT) disse a jornalistas nesta quarta-feira 6 que o governo de Israel transformou seu direito de defesa em “direito de vingança” após o ataque do Hamas, em outubro passado. O petista também voltou defender a criação de um Estado Palestino com assento no Conselho de Segurança da ONU.

As declarações foram dadas após uma reunião bilateral com o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto. Os líderes discutiram, entre outras coisas, o conflito na Faixa de Gaza e o acordo Mercosul-União Europeia.

“O direito de defesa transformado em direito de vingança constitui, na prática, punição coletiva que mata indiscriminadamente mulheres e crianças”, disse Lula.

“É fundamental avançar rapidamente na criação de um Estado Palestino e reconhecê-lo como membro pleno da ONU, que seja economicamente viável e que possa conviver em paz com Israel”.

O presidente brasileiro ainda defendeu que os países façam uma trégua para que os inocentes civis sejam tratados com água, alimentos, remédios, entre outros itens.

“Não é possível continuar essa matança sem que o Conselho de Segurança da ONU pare essa guerra e permita que chegue alimento, chegue remédio. Tem mais de 30 toneladas de alimentos estocadas lá e não consegue chegar”, complementou.

Sanchéz, por sua vez, afirmou que o governo da Espanha também pede pelo fim do conflito e questionou as ações do governo de Israel. “Eu tenho dúvidas se as ações do governo de Israel seguem as normas do direito internacional”, pontuou.

Na última terça-feira 5, o governo de Israel barrou a ajuda humanitária enviada pelo Brasil ao enclave palestino. O Palácio do Planalto confirmou a informação dada inicialmente pelo deputado italiano Angelo Bonelli, mas evitou apresentar os motivos da negativa.

A ONU estima que 2,2 dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza estão à beira da fome, principalmente no norte, onde as forças de Israel bloqueiam a entrada de ajuda.

Já a Organização Mundial da Saúde afirmou nesta semana que observou cenas espantosas de crianças morrendo de fome e de uma grave escassez de alimentos, remédios e combustível para geradores em uma missão de ajuda a dois hospitais do norte do território.

Desde o início do conflito, Lula tem feito críticas aos intensos bombardeios patrocinados pelo governo de Benjamin Netanyahu. Durante sua passagem pela África, há algumas semanas, o petista classificou a ofensiva militar de “genocídio” e comparou, de forma indireta, a situação vivida pelos palestinos a de judeus na Alemanha nazista.

As declarações foram suficientes para fazer Tel Aviv declarar o presidente brasileiro persona non grata – termo utilizado nas relações internacionais para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo em um país. Os bombardeios no enclave palestino já deixaram mais de 30 mil mortos.

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