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Lula convoca embaixador israelense e chama de volta representante do Brasil em Tel Aviv
O Ministério das Relações Exteriores de Benjamin Netanyahu declarou o petista ‘persona non grata’ após declaração sobre ataques a Gaza


O presidente Lula (PT) resolveu chamar de volta para consultas o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer. Esta é uma reação à decisão de Israel de convocar o diplomata após o petista comparar indiretamente a ofensiva contra a Faixa de Gaza ao Holocausto.
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, também convocou para uma reunião no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira 19, o embaixador israelense Daniel Zonshine. Meyer, por sua vez, embarcará rumo ao Brasil nesta terça 20.
O Ministério das Relações Exteriores de Benjamin Netanyahu declarou Lula “persona non grata“ nesta segunda. Trata-se de um instrumento jurídico utilizado nas relações internacionais para sinalizar que um representante estrangeiro não é mais bem-vindo.
No domingo 18, durante passagem por Adis Adeba, na Etiópia, Lula afirmou:
“É importante lembrar que em 2010 o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o Estado palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem que ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus.
Então, não é possível que a gente possa colocar um tema tão pequeno, sabe, você deixar de ter ajuda humanitária… Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai retribuir a vida de 30.000 pessoas que já morreram, 70.000 que estão feridos? Quem vai devolver a vida das crianças que morreram sem saber por que estavam morrendo?”
Também nesta segunda, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, levou Frederico Meyer para uma reunião de reprimenda no Museu do Holocausto, em Jerusalém.
“Não perdoaremos e não esqueceremos. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é uma ‘persona non grata‘ em Israel até que ele peça desculpas e se se retrate”, disse Katz, em coletiva, ao lado do embaixador brasileiro. O Itamaraty considera graves as declarações do ministro israelense.
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