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Lula chama Boric de ‘jovem apressado’ por cobranças do chileno para que Celac tome posição sobre guerra

Boric queria que a Celac adotasse uma postura mais próxima aos europeus e condenassem a Rússia pela invasão, mas não encontrou apoio unânime entre latinos e caribenhos

Lula em um breve encontro com Boric na cúpula da Celac com a UE, em julho. Foto: Jean-Christophe VERHAEGEN / AFP
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O presidente Lula (PT) minimizou, nesta quarta-feira 19, a pressão chilena para que a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) adote uma posição que condene a Rússia na guerra da Ucrânia. O brasileiro disse que Gabriel Boric tem a postura de um ‘jovem apressado’ ao tentar tratar do conflito.

“Eu não tenho porque concordar com o Boric, é uma visão dele. Eu acho que a reunião foi extraordinária. Foi extraordinária a reunião. Possivelmente, a falta de costume de participar dessas reuniões faz com que um jovem seja mais sequioso e mais apressado, mas as coisas não são assim”, disse Lula ao ser questionado sobre o tema.

Boric queria que a Celac adotasse uma postura mais próxima aos europeus e condenassem a Rússia pela invasão. Na terça ele cobrou publicamente que o bloco fosse ‘enfático’ no seu comunicado porque, segundo ele, no futuro, os países da América e do Caribe poderiam estar na mesma situação da Ucrânia.

“Estimados colegas, hoje é a Ucrânia e amanhã pode ser qualquer um de nós. Não duvidemos disso devido à complacência que se pode ter em um momento ou outro com qualquer líder”, cobrou.

No grupo latino e caribenho, porém, a posição não é convergente e Boric foi voz vencida. Países como a Nicarágua e a Venezuela optam pela postura mais alinhada ao país comandado por Vladimir Putin. O Brasil também tem sido mais comedido ao tomar posição e aponta problemáticas envolvendo os dois lados na guerra. A intenção de Lula é se colocar como ‘neutro’ para tentar mediar o conflito. Algo que ainda não teve sucesso.

Após alfinetar o líder vizinho, Lula tentou um afago e comparou o momento de Boric com sua própria trajetória:

“Já tive essa pressa. No primeiro ano de mandato, eu ia para reunião do G7 e queria que as coisas fossem decididas ali, naquela hora. ‘Tem que decidir porque o Brasil precisa…’. Não. Ali não é só o interesse do Brasil, a gente estava discutindo a posição de 60 países. E, portanto, a gente tem que compreender que nem todo mundo concorda com a gente, nem todo mundo sabe, tem a mesma pressa, tem a mesma visão sobre qualquer coisa”, disse o brasileiro.

Ao final da cúpula da Celac com a União Europeia, o documento conjunto formalizado pelos países expressa “profunda preocupação” com a guerra da Ucrânia, mas não cita a Rússia.

Histórico

Essa não é a primeira vez que Boric e Lula apresentam discordâncias públicas. Em recente passagem pelo Brasil, o chileno criticou Lula após esse receber Nicolás Maduro, da Venezuela, com honras de chefe de estado.

Naquela ocasião, Lula chegou a dizer que a acusação de que o venezuelano não respeitava os direitos humanos seria uma ‘narrativa’. Boric, por sua vez, publicou um comunicado rebatendo a declaração.

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