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Lobistas ligados às energias fósseis aumentaram 25% na COP-27

A presença em massa destes influenciadores das energias fósseis preocupa os ativistas do clima que exigem a ‘saída dos poluidores’

Ativistas levantam uma faixa que diz "Pessoas vs. Combustíveis Fósseis" enquanto o Presidente dos EUA Joe Biden faz um discurso durante a conferência climática COP27 na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, em 11 de novembro de 2022 — Foto: AHMAD GHARABLI / AFP
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Segundo os cálculos da Global Witness, do Corporate Europe Observatory e da  Corporate Accountability “636 lobistas das energias fósseis, afectos aos gigantes poluidores do petróleo e do gás, inscreveram-se para as discussões climáticas”. Este número representa um aumento de mais de 25% em relação à COP-26 que decorreu no final de 2021 em Glasgow.

São pessoas que se deslocam para a Convenção do Clima em nome de empresas do sector, como BP, Chevron, Shell, Total Energies ou Exxon Mobil, ou representam as energias fósseis, cuja utilização desde a revolução industrial é a causa principal do aquecimento global do planeta, no seio de delegações nacionais.

Os Emirados Árabes Unidos, que vão acolher a COP 28 no próximo ano e a Rússia encabeçam a lista de países com mais lobistas dos fósseis.

Abou Dabi conta com uma delegação de 1070 delegados, 70 dos quais classificados como lobistas.

A Rússia apresenta-se com 33 delegados lobistas, a República do Congo e o Quénia com 12 cada um, Omã tem 11, Kuwait acreditou nove, Angola tem integrado na sua lista oficial oito lobistas (sete afectos à Sonangol e um à Prodel E.P.) e o Canadá também outros oito.

Cabe acrescentar, ainda, que a delegação oficial da Guiné-Bissau também acreditou um lobista afecto à Petroguin.

Dizem as ong’s que a COP-27 contabiliza mais lobistas do petróleo e do gás, do que o total de representantes dos dez países mais afectados pelas alterações climáticas, que segundo a German Watch são Porto Rico, Myanmar, Haiti, Filipinas, Moçambique, Bahamas, Bangladesh, Paquistão, Tailândia e Nepal.

Os ativistas acusam mesmo as “grandes delegações de representantes da indústria do petróleo e do gás de virem à procura de oportunidades fósseis em África”.

Quem reagiu a este número foi a activista Greta Thunberg que sublinhou que “para se tratar a malária não se convidam os mosquitos”, declarações que vão no sentido do comunicado emitido por estas três organizações: “Os lobistas do tabaco não vão a uma conferência sobre saúde e a indústria do armamento não se promove numa conferência sobre a paz!”

Por seu lado, em reacção ao elevado número de lobistas, a Organização de Produtores de Petróleo Africano diz “não se envergonhar de marcar presença”, uma vez que “a ausência poderia significar a tomada de decisões contrárias àquilo que pensam ser benéfico” para o setor.

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