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Líder da extrema-direita provoca queda da coalizão de governo nos Países Baixos

Geert Wilders, conhecido como ‘Trump holandês’, anunciou a saída do seu partido do governo nesta terça-feira. Decisão abre caminho para eleições antecipadas

Líder da extrema-direita provoca queda da coalizão de governo nos Países Baixos
Líder da extrema-direita provoca queda da coalizão de governo nos Países Baixos
O líder do partido radical de direita holandês PVV, Geert Wilders. Foto: Robin van Lonkhuijsen / ANP / AFP
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O líder de extrema-direita Geert Wilders provocou o colapso da frágil coalizão de governo nos Países Baixos ao retirar, nesta terça-feira 3, seu partido, o PVV, do Executivo devido a uma divergência sobre migração, o que abre o caminho para eleições antecipadas.

“Não há assinatura para nossos planos sobre asilo… O PVV deixa a coalizão de governo”, anunciou Wilders na rede social X, em referência a seu programa para endurecer a política contra os migrantes e demandantes de asilo.

Para Wilders, o governo estava demorando muito para aplicar “a política de migração mais rigorosa” da história dos Países Baixos, defendida pela coalizão após a vitória inesperada de seu partido nas eleições de novembro de 2023.

A saída do Partido Pela Liberdade (PVV) da coalizão inicia um período de incerteza política na quinta maior economia da União Europeia (UE), em um contexto no qual os partidos de extrema-direita avançam em todo o continente.

As negociações de último minuto nesta terça-feira entre os dirigentes dos quatro partidos da coalizão não deram nenhum resultado.

“Acabei de informar ao primeiro-ministro que vou retirar os ministros do PVV do gabinete e que não podemos mais continuar assumindo responsabilidades”, disse Wilders.

“Assinei pela política de asilo mais rigorosa, não pela queda dos Países Baixos, então nossa responsabilidade por este gabinete termina neste momento”, acrescentou.

Liderança nas pesquisas

Após a vitória eleitoral surpreendente há um ano e meio, as pesquisas indicam que o PVV continua liderando as intenções de voto. Porém, a vantagem para os rivais mais próximos está em queda: a aliança entre ecologistas e social-democratas está próxima e o partido liberal VVD, muito influente na política holandesa, também está bem posicionado.

No final de maio, Wilders, conhecido como “Trump holandês” por suas posições anti-imigração e seu cabelo loiro platinado, já havia ameaçado sair da coalizão caso suas exigências estritas sobre migrantes e demandantes de asilo não fossem atendidas.

O líder da extrema-direita declarou na ocasião que sua paciência estava acabando com a não aplicação do plano que havia apresentado com 10 medidas.

O plano incluía o fechamento das fronteiras para demandantes de asilo, o reforço dos controles fronteiriços e a deportação das pessoas com dupla cidadania que foram condenadas por um crime.

Resumindo suas exigências, Wilders declarou: “Fechem as fronteiras para os solicitantes de asilo e para os reagrupamentos familiares. Não vamos abrir mais centros de asilo. Vamos fechá-los”.

Analistas políticos e jurídicos classificaram os planos como ilegais ou impossíveis de aplicar.

As ambições de Wilders de governar o país foram bloqueadas após sua vitória eleitoral, já que seus parceiros de coalizão impediram sua candidatura ao cargo de primeiro-ministro e escolheram Dick Schoof, ex-diretor do serviço de inteligência.

Os partidos de extrema-direita estão em ascensão em toda Europa. Em maio, o Chega ficou em segundo lugar nas eleições em Portugal. Na Alemanha, a AfD dobrou seu resultado nas eleições gerais de fevereiro, alcançando 20,8% dos votos.

Na Polônia, o candidato de extrema-direita Karol Nawrocki, admirador do presidente americano Donald Trump, foi eleito presidente no domingo com 50,89% dos votos.

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