A Folha de S.Paulo de 30 de janeiro incluía uma reportagem sobre as eleições portuguesas com a seguinte chamada na primeira página: “Após sete anos, Portugal pode tirar os socialistas do poder”. O artigo apoiava-se nos habituais comentaristas de Lisboa e todos previam um empate técnico entre o maior partido de esquerda (PS) e o maior partido de direita (PSD). Poucas horas depois o PS ganhava o pleito com maioria absoluta. Os resultados dão-nos algumas indicações que podem ser úteis no Brasil.
Primeira lição: o fracasso estrondoso das sondagens. A vitória esmagadora do PS após seis anos de governo e dois anos de pandemia é memorável e merece ser refletida. As sondagens usam uma lógica binária própria do pensamento quantitativo, hoje muito vigente na construção dos algoritmos nas redes sociais. Essa lógica não capta a ambiguidade, a complexidade, a contradição e muito menos as diferentes camadas de realidade, opinião e emoção que cada cidadão mobiliza ao tomar decisões.
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