Mundo
Líbano está à ‘beira do abismo’, alerta chefe da ONU
Israel ampliou o volume de ataques no país; mais de 500 pessoas, incluindo crianças, morreram nas últimas 24 horas


“O Líbano está à beira do abismo”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta terça-feira (24), na abertura da Assembleia Geral da ONU, que teme que o país possa se tornar “outra Gaza“.
“O povo libanês, o povo israelense e os povos do mundo não podem permitir que o Líbano se torne outra Gaza”, disse antes de instar a comunidade internacional a “mobilizar-se para um cessar-fogo imediato e a libertação incondicional de todos os reféns” israelenses detidos pelo Hamas.
“Gaza é um pesadelo permanente que ameaça arrastar toda a região para o caos, começando pelo Líbano”, insistiu ante os mandatários e representantes dos 193 países da ONU.
“Todos deveríamos estar alarmados com esta escalada”, disse Guterres, que também denunciou o “desprezível” ataque do grupo islamista em Israel no dia 7 de outubro, afirmando, em contrapartida, que “nada pode justificar o castigo coletivo” que o povo palestino está sofrendo pelas mãos de Israel.
Em um discurso interrompido várias vezes pelos aplausos, Guterres alertou que o estado do mundo é “insustentável”. “Não podemos seguir assim”, disse.
Enumerou três desafios principais que ameaçam o planeta: a impunidade, a desigualdade e as incertezas. “Os três estão conectados e chocam” entre si, alertou.
“O grau de impunidade no mundo é politicamente indefensável e moralmente intolerável. Um número crescente de governos e outros (atores) se sentem autorizados, como no jogo do Monopoly, a (utilizar) a carta ‘saia da prisão'”, disse.
“Podem pisotear o direito internacional. Podem violar os acordos internacionais sobre direitos humanos ou as decisões dos tribunais internacionais. Podem desprezar o direito internacional humanitário. Podem invadir outro país, devastar sociedades inteiras ou desprezar por completo o bem-estar de seu próprio povo”, enumerou.
A “era da impunidade”, disse, pode ser vista no Oriente Médio, na Ucrânia, ou no Sudão, em Mianmar, na República Democrática do Congo, Haiti ou Iêmen, onde a violência e o sofrimento seguem sem encontrar soluções.
Também destacou a instabilidade de um mundo ameaçado pelo “imprevisível” desenvolvimento da Inteligência Artificial e o crescente impacto da mudança climática.
“Estamos assistindo a um autêntico colapso do clima”, afirmou, criticando mais uma vez os combustíveis fósseis como principal causa do aquecimento global.
“As temperaturas extremas, os incêndios violentos, as secas e as inundações catastróficas não são desastres naturais”, disse, são “catástrofes humanas” nas quais os combustíveis fósseis precipitam a “reação em cadeia”, disse.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Israel ataca alvos do Hezbollah no Líbano após bombardeios que mataram mais de 500
Por AFP
Governo condena ataques no Líbano e diz para brasileiros deixarem área
Por Agência Brasil
A história dos embates entre Israel e o Hezbollah no Líbano
Por Deutsche Welle