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Leão XIV inicia seu pontificado com críticas aos excessos do capitalismo

Antes de se tornar papa, Prevost criticou o governo de Donald Trump por sua política de imigração

Leão XIV inicia seu pontificado com críticas aos excessos do capitalismo
Leão XIV inicia seu pontificado com críticas aos excessos do capitalismo
O papa Leão XIV durante sua primeira missa pública. Foto: Alberto Pizzoli/AFP
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Leão XIV deu o tom de seu pontificado neste domingo 18 ao denunciar uma economia que explora a natureza e marginaliza os pobres, em uma missa diante de milhares de pessoas, incluindo o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, a presidente peruana Dina Boluarte e vários outros líderes latino-americanos.

Dez dias após sua eleição, o primeiro papa americano destacou os valores de paz e unidade em uma cerimônia com a presença de 200.000 pessoas, segundo autoridades italianas.

“Em nosso tempo, ainda vemos muita discórdia, muitas feridas causadas pelo ódio, pela violência, pelo preconceito, pelo medo do diferente e por um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”, criticou.

Robert Francis Prevost confirmou a orientação social que pretende dar ao seu pontificado, após escolher seu nome em homenagem a Leão XIII (1878-1903), pai da doutrina social da Igreja, que denunciou a exploração da classe trabalhadora no final do século XIX.

O novo bispo de Roma, de 69 anos, que viveu no Peru por mais de duas décadas como missionário e foi bispo em Chiclayo, se encontrou com a presidente Boluarte antes da missa, com quem conversou sobre o “bem-estar dos peruanos”.

Durante uma cerimônia rica em ritos e símbolos, Leão XIV recebeu os emblemas papais: o pálio, uma vestimenta que pende sobre os ombros e é usada sobre a casula, e o anel do pescador, feito especialmente para cada pontífice e que deve ser destruído após sua morte.

O papa enfatizou sua “gratidão”, insistiu na “unidade” da Igreja e defendeu a “caridade”.

Antes da missa, o líder de 1,4 bilhão de católicos andou no papamóvel pela Praça São Pedro para cumprimentar a multidão.

‘Mais peso’ sobre os ombros

A eleição de Leão XIV, nascido em Chicago, gerou entusiasmo nos Estados Unidos, que enviaram à cerimônia o vice-presidente JD Vance, que se converteu ao catolicismo em 2019, e o secretário de Estado Marco Rubio, que é de origem cubana e também católico.

JD Vance trocou um breve aperto de mão com o novo papa neste domingo, mas não lhe foi concedida uma audiência privada. “Os Estados Unidos estão muito orgulhosos dele (…) nossas orações o acompanham no início de sua missão tão importante”, disse.

Antes de se tornar papa, Prevost criticou o governo de Donald Trump por sua política de imigração, assim como Vance, em sua conta pessoal na rede X, mas essas mensagens foram depois apagadas.

O papa Leão XIV e o presidente ucraniano Volodimir Zelensky. Foto: Vatican Media/Divulgação

O papa também pediu pela “construção de um novo mundo onde reine a paz”, uma mensagem com especial repercussão na presença do presidente ucraniano Volodimir Zelensky, a quem recebeu em audiência privada após a cerimônia, e do presidente israelense Isaac Herzog.

No final da missa, falou sobre a Ucrânia “martirizada”, aguardando “negociações por uma paz justa e duradoura”, e de Gaza, onde “crianças, famílias e idosos que sobrevivem passam fome”.

Sophia Tripp, americana de 20 anos que estuda em Chicago, acredita que o novo pontífice terá “mais peso [sobre os ombros] por ser americano”.

A missa também contou com a presença dos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro; Equador, Daniel Noboa, e Paraguai, Santiago Peña.

Entre os outros convidados de destaque estavam o novo chanceler alemão, Friedrich Merz e o rei e a rainha da Espanha, Felipe e Letizia.

Acabar com as desigualdades

Depois de visitar o túmulo de São Pedro, localizado sob o altar da basílica que leva seu nome, Leão XIV marchou em procissão até a praça para a missa, celebrada em vários idiomas.

Durante sua primeira semana como papa, Leão XIV insistiu em seu compromisso social e na luta contra as “desigualdades mundiais” e as “condições de trabalho indignas”, além de defender sua visão da “família baseada na união estável de um homem e uma mulher”.

Leão XIV, sucessor do carismático Francisco, herda uma Igreja devastada pelos incessantes escândalos de abuso sexual de crianças por padres.

Também terá de lidar com temas polêmicos, como a posição das mulheres na Igreja, a questão do celibato sacerdotal e as finanças da Santa Sé.

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