Justiça de classe

De maioria conservadora, a Suprema Corte derruba as cotas para alunos negros nas universidades

A volta do privilégio. As cotas foram adotadas nos anos 1960, após o assassinato de Martin Luther King. A Suprema Corte agora avaliza o retrocesso – Imagem: iStockphoto

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Por décadas os movimentos conservadores nos Estados Unidos empenharam-se ferozmente em extinguir duas das maiores conquistas do campo liberal no país: o direito ao aborto, estabelecido nos anos 1970, e os programas de admissão com consciência racial adotados nas universidades após o assassinato de Martin Luther King Jr., em 1968. Anos de pressão republicana foram, no entanto, infrutíferos. Até agora. Enquanto representantes do partido no Congresso e no Senado, mandato após mandato, batiam cabeça para levar o plano adiante, a Suprema Corte conseguiu, no intervalo de um ano, derrubar o alicerce destas e de outras políticas públicas progressistas.

Em junho do ano passado, 50 anos de precedentes acabaram sobrepujados da noite para o dia quando a Roe v. Wade foi anulada pelo tribunal. Ao invalidar a decisão histórica, o Judiciário norte-americano pôs fim às proteções nacionais para o direito ao aborto e permitiu aos estados proibirem a prática. Doze meses depois, o mesmo tribunal considerou ilegais os programas universitários de admissão com consciência racial. John Kennedy, em 1961, foi o primeiro presidente a associar a expressão a uma política pública que naquele momento tinha como objetivo melhorar o acesso a empregos, in­de­pen­den­te­men­te do credo, cor ou origem nacional.

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2 comentários

ricardo fernandes de oliveira 9 de julho de 2023 19h57
esse é o problema de juizes de uma suprema corte/stf serem indicados por presidentes. se vc coloca um reacionário no poder, direitos garantidos apenas por decisão judicial podem cair. no brasil, tres temas que dependeram de decisão judicial: casamento entre pessoas do mesmo sexo, pesquisa em celulas tronco e aborto de anencefalos.
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 14 de julho de 2023 12h49
Não compare o sistema jurídico dos EUA com o nosso, Ricardo. Lá, a decisão judicial é quase lei, aqui não.

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