Mundo
Juiz da Bolívia determina 5 meses de prisão preventiva a ex-presidente Luis Arce
Arce é acusado dos crimes de ‘descumprimento de deveres’ e ‘conduta antieconômica’
Um juiz da Bolívia determinou nesta sexta-feira 12 a prisão preventiva do ex-presidente de esquerda Luis Arce em um presídio de La Paz por cinco meses, enquanto o Ministério Público investiga sua suposta participação em um caso de corrupção.
Arce, um economista de 62 anos, foi detido na quarta-feira após deixar o poder em 8 de novembro, encerrando uma era de 20 anos de governos socialistas iniciados pelo líder indígena Evo Morales.
Arce é acusado dos crimes de “descumprimento de deveres” e “conduta antieconômica”.
Segundo o Ministério Público boliviano, quando era ministro da Economia do governo de Morales (2006-2019), Arce autorizou transferências de dinheiro público para contas de dirigentes camponeses para o desenvolvimento de projetos agrícolas que ficaram inacabados.
“O senhor Luis Alberto Arce Catacora deverá se defender com uma medida extrema de prisão preventiva […] pelo período de cinco meses”, determinou o juiz Elmer Laura, durante a audiência virtual que durou quase seis horas.
Escoltado por policiais, Arce foi transferido para o presídio de San Pedro, no centro de La Paz, onde deverá permanecer ao menos até maio de 2026, enquanto a investigação avança.
Ele foi levado rapidamente para o interior do presídio sob gritos de opositores, segundo constatou um jornalista da AFP.
O juiz impôs uma medida mais severa que a solicitada pelo Ministério Público, que havia pedido três meses de prisão preventiva.
Arce acompanhou a audiência a partir de um escritório em uma unidade policial em La Paz, onde passou as duas últimas noites desde a sua detenção.
“Sou absolutamente inocente das acusações que estão sendo lançadas de forma leviana por motivos claramente políticos”, afirmou o ex-presidente.
Ele também afirmou ser vítima de “perseguição” do governo de centro-direita de Rodrigo Paz.
O Ministério Público investiga Arce por supostos desvios de recursos públicos por meio do fundo estatal para o desenvolvimento dos povos originários, conhecido como Fondioc, que foi fechado em 2015 devido a irregularidades.
O advogado de Arce pediu ao juiz que seu cliente respondesse ao processo em liberdade. Ele alegou a idade avançada e o diagnóstico de câncer linfático do ex-presidente.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.



