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Juiz ameaça retirar Trump de tribunal em Nova York

A jornalista E. Jean Carroll venceu outro caso contra o ex-presidente em maio passado por agressão sexual e difamação

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump deixa tribunal em Nova York, em 17 de janeiro de 2024. Foto: Charly Triballeau/AFP
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O juiz que conduz o julgamento por difamação contra Donald Trump ameaçou, nesta quarta-feira 17, impedir o acesso do ex-presidente americano à sala de audiências após seus comentários audíveis pelo júri durante o depoimento da jornalista e demandante E. Jean Carroll, que venceu outro caso contra Trump em maio passado por agressão sexual e difamação.

Os comentários de Trump, como “é uma caça às bruxas” ou uma “fraude”, foram ouvidos pelo júri durante o depoimento de Carroll pela manhã. Isso levou a uma reclamação de sua advogada, Roberta Kaplan, perante o juiz Lewis Kaplan (apesar do mesmo sobrenome, não são parentes).

“O Sr. Trump tem o direito de estar presente aqui”, disse o juiz, que discutiu ao longo da manhã com a advogada de Trump, Alina Habba, devido às suas contínuas objeções. No entanto, ele o advertiu: “Esse direito pode ser perdido se ele interromper, conforme me informaram, e se desobedecer às ordens judiciais”, de acordo com a imprensa que está presente no julgamento.

Em meio à sua campanha para as primárias do Partido Republicano, Trump compareceu pela segunda vez ao julgamento por difamação movido pela ex-colunista da revista Elle, que exige 10 milhões de dólares (49,3 milhões de reais, na cotação atual) em indenização por danos à sua reputação e à sua carreira.

No auge do movimento #Metoo, a jornalista denunciou em um livro e em um artigo que Trum a havia agredido sexualmente em 1996. Éle nega as acusações e afirma que a história do assédio “era completamente falsa” e que Carroll “não era o seu tipo”.

“Estou aqui porque Donald Trump me agrediu e, quando escrevi sobre isso, ele mentiu e atacou minha reputação”, disse ao júri a escritora e ex-jornalista de 80 anos, segundo a emissora CBS.

‘Quero recuperar minha reputação’

“Quero recuperar minha reputação”, reforçou, diante do ex-presidente de 77 anos, acompanhado de seus advogados. Na segunda-feira, Trump teve uma vitória esmagadora no primeiro ato das primárias do Partido Republicano no estado de Iowa em sua corrida para voltar à Casa Branca.

O julgamento é o segundo em oito meses em que Carroll enfrenta Trump. Em maio passado, um júri deu razão à colunista e condenou o republicano a lhe pagar 5 milhões de dólares (aproximadamente 25 milhões de reais, na cotação da época) por danos: dois por agressão sexual e três por difamação por outras declarações concedidas em 2022. O magnata apelou da sentença.

Diferentemente daquela ocasião, o juiz Lewis Kaplan determinou que Carroll não precisa demonstrar que houve agressão sexual novamente, dada a decisão do júri em maio.

“Nunca na minha vida eu vi essa mulher. Não faço ideia de quem seja”, repetiu Trump na semana passada em alusão à escritora, a quem tachou de “mentirosa” e “estúpida”.

A equipe de defesa de Trump, com Alina Habba à frente, assegura que o que a ex-colunista da revista Elle busca é “fama e notoriedade” para vender seu livro.

Não é obrigado a assistir

Embora não seja obrigado a assistir ao julgamento civil, Trump decidiu fazê-lo. Na noite passada, após participar de um comício no estado de New Hampshire, segunda parada das primárias, em 23 de janeiro, e em meio à neve e a temperaturas congelantes, o republicano voltou a Nova York para assistir ao interrogatório de Carroll no segundo dia do julgamento.

Na terça, depois da vitória contundente nas primárias em Iowa, o ex-presidente também assistiu à escolha do júri pela manhã.

“Quero assistir a todos os meus julgamentos”, disse Trump na semana passada, quando esteve presente ao final de outro julgamento em que responde por sonegação fiscal também em um tribunal de Manhattan e no qual dois de seus filhos e a empresa da família estão envolvidos.

Com várias frentes judiciais abertas, Trump se considera vítima de uma “caça às bruxas” orquestrada de dentro da Casa Branca para dificultar seu retorno à Presidência nas eleições de novembro.

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