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Jogadores de rugby franceses são formalmente acusados de estupro na Argentina

Se forem condenados, atletas podem pegar até 20 anos de prisão

Jogadores de rugby franceses são formalmente acusados de estupro na Argentina
Jogadores de rugby franceses são formalmente acusados de estupro na Argentina
Acompanhados por policiais, jogadores acusados de estupro chegam ao centro de detenção em Mendoza - Foto: Pablo Betancourt / AFP
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Os jogadores da seleção francesa de rugby Hugo Auradou e Oscar Jegou foram formalmente acusados nesta sexta-feira 12 de “abuso sexual com acesso carnal agravado pela participação de duas pessoas” contra uma mulher em Mendoza, oeste da Argentina, informou a Promotoria provincial em comunicado.

Auradou, de 20 anos, e Jegou, de 21, foram formalmente acusados de estuprar e espancar uma mulher de 39 anos em Mendoza, na fronteira com o Chile, após um amistoso no sábado contra os ‘Pumas’, como é conhecida a seleção argentina.

No país sul-americano, “acesso carnal” equivale a “estupro”, segundo o Ministério da Justiça.

Os atletas chegaram à esta província no oeste da Argentina na noite de quinta-feira após uma viagem por terra com uma comitiva policial de Buenos Aires, e “já estão com o Ministério Público”, disse à AFP o porta-voz do Poder Judiciário Martin Ahumada.

Após a partida, os jogadores foram ao bar Beerlin, onde consumiram uma grande quantidade de álcool, de acordo com um garçom do local, que pediu para ter sua identidade preservada.

No entanto, Andrés Civit, proprietário da Beerlin, disse à AFP que eles agiam “como qualquer outro consumidor habitual”. “Não sei se eles ficaram bêbados, não vi ninguém rastejando”, acrescentou.

Natacha Romano, advogada da mulher, disse à AFP que sua cliente conheceu Auradou em uma boate de Mendoza na madrugada de domingo e depois foi com ele ao Diplomatic Hotel, onde os jogadores estavam hospedados.

Depois de entrar no quarto, ele “a agarrou, a jogou na cama, começou a despi-la, bateu nela com violência feroz” e abusou sexualmente dela pelo menos seis vezes, descreve Romano.

Uma hora depois, Jegou entrou e “fez o mesmo selvagemente”, acrescentou a advogada.

Romano afirmou que a mulher “tem cicatrizes nas costas, mordidas, arranhões, marcas nos seios, pernas e costelas”, além da marca de um soco em seu rosto.

O advogado da defesa Rafael Cúneo — irmão do ministro da Justiça, Mariano Cúneo — disse na quinta-feira que a relação foi consensual e que os jogadores de rugby “não reconhecem os golpes de forma alguma”.

Auradou e Jegou foram detidos na segunda-feira em Buenos Aires para evitar que deixassem o país. Na quinta, foram transferidos de uma divisão da Interpol da Polícia Federal argentina para um centro de detenção em Mendoza para comparecer à audiência de acusação perante a promotora Cecilia Bignert.

Descompensação geral

Se forem considerados culpados, os atletas podem pegar de oito a 20 anos de prisão.

A advogada afirmou que também poderiam ser acusados por privação de liberdade, porque “não há apenas um crime a investigar”.

Na quinta-feira, a denunciante foi hospitalizada depois de sofrer um transtorno de humor chamado “hipotimia” e “uma descompensação geral do corpo como resultado de tudo o que aconteceu”, disse Romano.

“Quando viu os relatórios, ficou angustiada, entrou em um estado de choque total e desmaiou, sobretudo pelas lesões que a tomografia mostrou”, declarou à mídia local Rádio Uno.

Nicolás Yungman, psicólogo do Hospital de Emergências Psiquiátricas Alvear e que não está ligado ao caso, explicou à AFP que a hipotimia citada “pode ser um efeito do transtorno de estresse pós-traumático (…) que faz com que a pessoa não se expresse bem, tenha movimentos lentos, linguagem inexpressiva e perda de interesse”.

Cúneo, o advogado de defesa, disse aos jornalistas na quinta-feira que usará como prova do consentimento o fato de ela ter subido com Auradou ao quarto 603 e esperado que ele descesse à recepção para pedir a chave, que tinha perdido. Segundo ele, ela era “uma mulher de 40 anos que já sabe o que acontece na vida”, estimou.

Também pedirá “uma residência com um tutor” para que os dois jogadores de rugby “possam ser acomodados” neste local, e argumentará que “não há perigo de fuga”.

Enquanto isso, a seleção francesa continua sua passagem pela América do Sul: jogou contra o Uruguai na quarta-feira e enfrentará novamente os ‘Pumas’ no sábado, em Buenos Aires.

Além dos acusados, Melvyn Jaminet também não estará em campo. O atleta foi cortado por ter feito comentários xenófobos nas redes sociais durante a celebração em Mendoza.

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