Mundo
Itamaraty orienta brasileiros a deixarem a Síria após novos e violentos conflitos
Mais de mil pessoas morreram em apenas três dias no país


O Itamaraty recomendou nesta segunda-feira 10 que brasileiros deixem a Síria, depois de uma série de confrontos entre as forças de segurança e rebeldes leais ao ex-ditador Bashar-al-Assad. Quase 1,5 mil pessoas morreram em apenas três dias.
Em nota, o governo brasileiro repudiou a violência e reiterou sua manifestação em favor de uma transição política pacífica e inclusiva, com respeito à independência, à unidade, à soberania e à integridade territorial da Síria.
A recomendação da pasta é que brasileiros não viajem ao país. Para os que já estão lá, a orientação é que deixem o local ou adotem medidas de segurança expressas pelas autoridades locais, como não permanecer em áreas de risco e não participar de aglomerações e protestos.
Os últimos incidentes, os primeiros desta magnitude após a queda de Assad, oorreram após um ataque de apoiadores do ex-presidente às forças de segurança na cidade costeira de Jableh na noite de quinta-feira, de acordo com as autoridades.
No dia seguinte, as forças de segurança iniciaram operações de busca na área de Latakia, um reduto da minoria alauíta, um ramo do islamismo xiita ao qual Bashar al Assad e sua família pertencem.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que possui uma extensa rede de informantes, 973 civis da minoria alauíta foram abatidos pelas “forças de segurança e grupos aliados” desde a última quinta-feira.
Pelo menos 481 membros das forças de segurança e combatentes pró-Assad morreram nos confrontos, acrescentou o OSDH. As autoridades não comunicaram qualquer balanço.
Tensão permanente
Em um país formado por diversas comunidades — sunita majoritária, curda, cristã, drusa — os alauítas estavam fortemente representados no aparato militar e de segurança do clã Assad, que por mais de meio século, primeiro com Hafez e depois com Bashar, governou o país de forma autoritária e repressiva.
Desde que o segundo foi derrubado em 8 de dezembro, as tensões aumentaram na costa do Mediterrâneo e nas montanhas, com apoiadores do clã Assad e ex-soldados do Exército sírio atacando as novas forças de segurança.
O presidente interino sírio, Ahmad al Sharaa, tem um passado jihadista e foi o líder do Hayat Tahrir al Sham, o grupo islamista que liderou a rebelião.
Sharaa tentou tranquilizar as minorias prometendo que a nova Síria será inclusiva, mas essa linha não é necessariamente compartilhada pelas facções que operam sob seu comando e que agora compõem a maior parte do exército e da polícia, observa o analista Aron Lund, do think tank Century International.
“Grande parte dessa [nova] autoridade está nas mãos de jihadistas radicais” de fé sunita, “que consideram os alauitas inimigos de Deus”, explica Lund, que acredita que esses confrontos demonstram “a fragilidade do atual governo”.
(Com informações da AFP)
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