Mundo

Itália quer exigir aprovação dos pais para aulas de educação sexual

As aulas não são obrigatórias no país, de maioria católica; governo quer consentimento prévio, por escrito, das famílias

Itália quer exigir aprovação dos pais para aulas de educação sexual
Itália quer exigir aprovação dos pais para aulas de educação sexual
aids hiv educação sexual sexo
Apoie Siga-nos no

O governo italiano quer que seja exigida a aprovação dos pais para que os filhos tenham acesso a aulas de educação sexual, que não são obrigatórias na Itália, país de maioria católica.

Por meio de um decreto-lei, o governo quer “garantir (…) o consentimento prévio e fundamentado das famílias sobre as atividades escolares relacionadas com a sexualidade”, diz um comunicado difundido nesta quarta-feira 30, após um conselho de ministros.

A iniciativa prevê que se peça aos pais um consentimento por escrito prévio “para a participação nas atividades extraescolares e as que se inscrevem no âmbito da ampliação da oferta educacional sobre temas relacionados com a sexualidade”, segundo o comunicado.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, de extrema direita, e que se descreve como uma “mãe cristã”, venceu as eleições legislativas de 2022 defendendo os valores familiares tradicionais.

O Vaticano ainda exerce uma influência considerável na Itália, razão pela qual o tema da educação sexual ainda é um tabu no país.

As iniciativas com vistas a tornar a matéria obrigatória nas escolas tiveram pouco eco no passado.

O escritório na Itália da ONG internacional Save the Children constatou, em fevereiro, que apenas 47% dos adolescentes italianos tiveram alguma forma de educação sexual nas escolas.

A taxa era de 37% nas regiões mais pobres do sul do país, assim como na Sicília e na Sardenha.

Em março, o centro de estudos Cesie, com sede em Palermo, na Sicília, acusou os “movimentos de extrema direita” de apresentar a educação sexual como “uma ameaça para os valores familiares e a identidade nacional”.

“Ao bloquear a educação sobre as relações, o consentimento e a sexualidade, reforçam os estereótipos de gênero e mantêm um sistema patriarcal caracterizado pela violência sexista”, assinalou o Cesie.

O aborto é legal na Itália desde 1978, mas a maioria dos ginecologistas se recusa a interromper as gestações, alegando objeção de consciência.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo