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Direito ao aborto é retirado da declaração do G7 por oposição da Itália

País europeu é governado por Giorgia Meloni, líder da extrema-direita

Direito ao aborto é retirado da declaração do G7 por oposição da Itália
Direito ao aborto é retirado da declaração do G7 por oposição da Itália
Extrema-direita: A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, tenta impor barreiras para cidadania e imigração. Foto: Mandel NGAN / AFP
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O esboço da declaração final da cúpula do G7 que está sendo realizada na Itália não inclui nenhuma referência direta ao direito ao aborto, uma menção à qual a Itália, que detém a presidência temporária do grupo, se opôs, segundo o documento consultado pela AFP nesta sexta-feira 14.

Estados Unidos, França e União Europeia quiseram manter a mesma redação da declaração final da cúpula do G7 em Hiroshima (Japão) em 2023, que garantiu o “acesso ao aborto seguro e legal e aos serviços de cuidados pós-aborto”.

Mas finalmente desistiram por falta de acordo com a chefe de Governo da Itália, Giorgia Meloni.

“Estávamos defendendo o acordado em Hiroshima, onde o texto era mais explícito, mas não foi possível chegar a um acordo”, explicou um alto funcionário da União Europeia nesta sexta-feira.

“O importante é que tenhamos no texto a promoção dos direitos sexuais e reprodutivos”, acrescentou.

Os debates sobre essa questão foram intensos, em particular entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e Meloni.

Macron disse “lamentar” a posição italiana, enquanto Meloni o acusou de “fazer campanha utilizando um fórum valioso como o G7” antes do primeiro turno das eleições legislativas antecipadas francesas, em 30 de junho.

Durante as negociações entre as delegações do G7, a questão deu origem a um confronto de bastidores.

Quanto aos direitos das comunidades LGBTQIA+, o esboço do texto do G7 também é menos exaustivo do que o de 2023, embora expresse uma “profunda preocupação com a diminuição dos direitos das mulheres, meninas e pessoas LGBTQIA+ em todo o mundo, especialmente em tempos de crise”.

A disputa estourou abertamente nesta quinta-feira com um confronto entre Macron, que se reivindica como centrista, e a ultradireitista Meloni.

Questionado pela imprensa sobre a ausência da palavra “aborto”, o presidente francês disse que “lamenta” ao mesmo tempo em que “respeita” uma política derivada da “eleição soberana” dos italianos.

“Não temos as mesmas opções. A França integrou este direito das mulheres ao aborto, a liberdade de dispor do seu corpo na sua Constituição”, afirmou.

Declarações que enfureceram Meloni, cujo governo de extrema direita apresentou uma lei para autorizar ativistas antiaborto a acessar as clínicas do sistema de saúde pública para mulheres que estão pensando em recorrer a um aborto.

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