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Israel retoma bombardeios em Gaza

Os disparos, que violam o cessar-fogo, ocorrem após o governo de Netanyahu informar que restos mortais entregues pelo Hamas não são de reféns israelenses

Israel retoma bombardeios em Gaza
Israel retoma bombardeios em Gaza
Bombas já tinham sido lançadas no dia 30 de outubro contra a Faixa de Gaza. Foto: Jack GUEZ / AFP
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O Exército israelense bombardeou a Faixa de Gaza novamente neste sábado 1º e afirmou que os três corpos recebidos na sexta-feira 31 não pertenciam a nenhum dos reféns capturados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.

Segundo uma fonte de segurança em Gaza, disparos e ataques aéreos do Exército israelense foram ouvidos nos arredores de Khan Yunis, na parte sul do enclave, neste sábado.

Um frágil cessar-fogo entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas está em vigor desde 10 de outubro, graças a um acordo de trégua impulsionado pelos Estados Unidos.

Israel, no entanto, já lançou dois bombardeios massivos contra Gaza, após acusar o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo.

“A vida não tem sentido”, disse Sumaya Dalul, de 27 anos, após os últimos ataques israelenses.

“Não temos dinheiro, trabalho, comida, água, eletricidade ou internet”, acrescentou a mulher, que mora em Gaza com os pais.

Os ataques aéreos de 19 de outubro mataram pelo menos 45 pessoas ao longo da faixa costeira, segundo fontes palestinas. Os bombardeios de terça-feira deixaram 104 mortos, de acordo com as mesmas fontes.

O acordo de cessar-fogo estipulava a devolução de todos os reféns — vivos e mortos — a Israel em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos.

Após a implementação da trégua, o Hamas libertou os últimos 20 reféns sobreviventes mantidos em cativeiro em Gaza em 13 de outubro e iniciou o processo de devolução dos corpos dos reféns falecidos.

No entanto, sucessivos atrasos na entrega dos corpos irritaram o governo israelense, que acusou o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo. As famílias dos reféns também exigiram medidas mais enérgicas para forçar o grupo palestino a cumprir o acordo.

O movimento islamista já devolveu os restos mortais de 17 dos 28 reféns falecidos que concordou em entregar em virtude do acordo. Dez corpos de reféns sequestrados em 7 de outubro permanecem em Gaza, assim como o de um soldado morto durante uma guerra em 2014.

Disparos em Khan Yunis

Uma fonte militar israelense afirmou, na sexta-feira, que o Exército recebeu três corpos não identificados da Faixa de Gaza por meio da Cruz Vermelha. No entanto, a fonte também disse que não acreditava que os restos mortais pertencessem aos reféns em questão.

Neste sábado, os militares confirmaram à AFP que, segundo uma análise forense, os três corpos não eram de nenhum dos 11 reféns falecidos cujos restos mortais ainda não foram devolvidos.

As Brigadas Ezedin al-Qassam, braço armado do Hamas, explicaram em um comunicado que “propuseram entregar [a Israel] três amostras de vários restos mortais não identificados. Mas, como o inimigo se recusou a aceitar as amostras e exigiu os corpos para examiná-los, nós os entregamos, a fim de evitar qualquer reivindicação por parte do inimigo”.

Ao mesmo tempo, uma fonte de segurança em Gaza relatou disparos e bombardeios do Exército israelense perto de Khan Yunis.

“Ontem à noite ouvi disparos das forças de ocupação várias vezes. Não temos comida nem água para beber ou para nos lavar. A situação é crítica. O cessar-fogo começou, mas a guerra não acabou”, disse Hisham al-Bardai, um pai de 37 anos, à AFP.

A Turquia sediará uma reunião de ministros das Relações Exteriores de vários países muçulmanos em Istambul na segunda-feira para apoiar e desenvolver o plano dos Estados Unidos para Gaza.

O plano prevê o desarmamento do Hamas, o estabelecimento de uma autoridade de transição liderada pelo próprio Trump e o envio de uma força internacional de estabilização para treinar e apoiar uma futura força policial palestina em Gaza.

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