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Israel prepara expropriação de 400 hectares na Cisjordânia

Área é declarada como pertencente ao Estado judeu. Estados Unidos e Autoridade Nacional Palestina criticam a medida, que traria mais instabilidade à região

Israel prepara expropriação de 400 hectares na Cisjordânia
Israel prepara expropriação de 400 hectares na Cisjordânia
Proprietários das terras palestinos na Cisjordânia têm agora 45 dias de prazo para se apresentar a um comitê militar de Israel
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Israel pretende apropriar-se de cerca de 400 hectares de terras na Cisjordânia ocupada, disse no domingo 31 uma fonte do Exército israelense. A área conhecida como Gva’ot, no bloco de assentamentos judeus Gush Etzion, próximo a Belém, foi declarada como pertencente ao Estado.

Os proprietários palestinos das terras têm agora 45 dias de prazo para se apresentar a um comitê militar de Israel, confirmou um porta-voz do governo em Tel-Aviv. Segundo a Rádio Israel, a medida seria uma reação ao sequestro e morte de três jovens judeus por membros do grupo radical islâmico Hamas na Cisjordânia em meados de junho – que desencadearam o recente conflito na região.

Os Estados Unidos qualificaram a expropriação da área, para a possível construção de assentamentos, de “contraprodutiva” no contexto dos atuais esforços pela paz. “Pedimos que o governo de Israel volte atrás nessa decisão”, disse um porta-voz do Departamento de Estado.

Um porta-voz do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, também pediu que Israel voltasse atrás. “Essa decisão levará a mais instabilidade”, disse.

A organização israelense Peace Now, que se opõe a assentamentos na Cisjordânia, afirmou que a apropriação dos 400 hectares teria como objetivo transformar um local onde dez famílias vivem, ao lado de um seminário judeu, num assentamento permanente.

A construção de um grande assentamento na área é discutida por Israel desde o ano 2000. Segundo a Peace Now, a apropriação agora anunciada por Israel é a maior desde os anos 1980. Segundo uma autoridade da região, palestinos são proprietários das terras, onde cultivam oliveiras.

A construção de um assentamento na Cisjordânia também é criticada pela comunidade internacional, sendo classificada como ilegal e como obstáculo para uma solução pacífica para o conflito entre israelenses e palestinos.

Há poucos dias, depois de várias tréguas unilaterais ou bilaterais, Israel e o Hamas chegaram, na terça-feira, a um acordo sobre um cessar-fogo ilimitado, pondo fim a 50 dias de conflito, que causou 2.143 mortos palestinos e 71 israelenses (a maioria militares). Novas conversações entre israelenses e palestinos estão previstas no prazo de um mês.

No início de junho, Abbas formou um governo de união com o Hamas. O premier israelense, Benjamin Netanyahu, interrompera as negociações pela paz com Abbas, mediadas pelos EUA, em abril, depois que o presidente da Autoridade Nacional Palestina chegara a um acordo de reconciliação com o Hamas.

Na sexta-feira 29 de agosto, Netanyahu pediu a Abbas que escolhesse entre as negociações de paz com Israel ou com o movimento de resistência palestino Hamas.

Cerca de 500 mil israelenses vivem em meio a 2,4 milhões de palestinos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios dos quais o Estado judeu se apossou em 1967.

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