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Israel liberta dois reféns argentinos em operação militar no sul de Gaza

O Ministério da Saúde do Hamas relatou “cerca de 100 mortos” pela operação dos militares israelenses para resgatar os dois reféns

Esta foto divulgada pelo exército israelense em 12 de fevereiro de 2024 mostra o refém israelense-argentino resgatado Louis Har (esq.) sendo reunido com sua família no Hospital Tel Hashomer em Ramat Gan, nos arredores de Tel Aviv. Foto: Israeli Army / AFP
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Israel anunciou, nesta segunda-feira (12), que libertou dois reféns de origem argentina em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, em uma operação noturna que deixou uma centena de mortos, segundo o Hamas, no poder neste território palestino.

“Em uma operação conjunta das FDI (exército), ISA (agência de segurança Shin Bet) e da polícia israelense durante a noite em Rafah, dois reféns israelenses, Fernando Marman (60 anos) e Louis Har (70) foram resgatados”, indicou uma declaração dos três serviços.

A Presidência argentina confirmou a informação e a identidade dos dois libertados e o gabinete do presidente Javier Milei, que esteve em Israel há poucos dias e está nesta segunda-feira em Roma, agradeceu às forças de segurança israelenses na rede social X “por terem concluído com sucesso o resgate” de Marman e Har.

Sequestrados no kibutz Nir Yitzhak, os dois homens foram transferidos para o centro médico Sheba em Ramat Gan e “estão em condições estáveis”, disse Arnon Afek, diretor do estabelecimento, à imprensa.

As forças israelenses invadiram “com explosivos” o segundo andar de um prédio onde esses prisioneiros estavam mantidos, “abriram fogo contra alvos próximos e libertaram os reféns”, disseram o Exército e o Governo.

“O fogo irrompeu então deste edifício e dos edifícios vizinhos, seguido de longos combates, durante os quais dezenas de alvos do Hamas foram bombardeados para permitir a saída dos soldados”, disse o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Segundo o Exército, dois soldados morreram em outra operação.

O Ministério da Saúde do Hamas relatou “cerca de 100 mortos” em um ataque, incluindo bombardeios contra vários edifícios em Rafah.

“O tempo se esgota”

Netanyahu ordenou ao seu Exército que preparasse uma ofensiva contra Rafah, apesar das críticas da comunidade internacional.

O líder reafirmou nesta segunda-feira a sua determinação em derrotar o Hamas. “Só a pressão militar contínua, até a vitória completa, levará à libertação de todos os nossos reféns”, disse ele.

O movimento islamista alertou que tal ofensiva “frustraria” qualquer acordo para libertar os reféns que mantém em Gaza.

Cerca de 250 pessoas foram sequestradas em Israel no dia 7 de outubro e levadas para Gaza. Uma trégua de uma semana no final de novembro permitiu a libertação de uma centena delas em troca de cerca de 240 palestinos detidos em Israel.

Antes destas duas últimas libertações, as autoridades israelenses estimavam que 132 reféns ainda se encontravam em território palestino e que 29 deles tinham morrido.

“O tempo se esgota para os reféns. Suas vidas estão em perigo a cada momento que passa. O governo deve colocar todas as opções sobre a mesa para libertá-los”, afirmou o Fórum das Famílias de Reféns.

“Hoje estamos felizes, mas ainda não ganhamos. Este é apenas mais um passo para o retorno para casa” dos reféns ainda mantidos em cativeiro em Gaza, disse Idan Bejerano, genro de Louis Har, em frente ao hospital.

“Último reduto”

Rafah tornou-se o último refúgio dos palestinos, onde 1,4 milhão de pessoas estão aglomeradas, segundo a ONU, presas nesta cidade próxima à fronteira fechada do Egito.

Netanyahu quer derrotar o Hamas no seu “último reduto”, em Rafah. “A vitória está ao nosso alcance”, disse à rede americana ABC, garantindo que Israel garantirá “uma passagem segura à população civil para que possa partir”, sem dizer onde poderá se refugiar.

Vários países alertaram para uma “catástrofe humanitária” no caso de um ataque à cidade.

“Nas condições atuais”, os Estados Unidos “não serão capazes de apoiar uma operação militar em Rafah devido à densidade populacional”, disse um alto funcionário do governo Biden, observando que a população civil “não tem para onde ir”.

A guerra entre Israel e o Hamas eclodiu em 7 de outubro com o ataque sem precedentes do grupo islamista ao território israelense, no qual morreram cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em dados israelenses.

Em retaliação, Israel prometeu “aniquilar” o movimento islamista que governa Gaza, que considera uma organização terrorista. A ofensiva israelense deixou até agora mais de 28.300 mortos no enclave, especialmente mulheres e menores, segundo o Ministério da Saúde do território.

Quase 1,7 milhão de pessoas, de uma população total de 2,4 milhões em Gaza, tiveram de fugir desde o início da guerra, segundo a ONU, devido à devastação no território palestino sob cerco israelense e atolado em uma grave crise humanitária.

Muitos deles foram deslocados diversas vezes, fugindo para o sul à medida que os combates se espalhavam.

Rafah, convertida em um gigantesco acampamento, é o último centro urbano onde o Exército israelense não entrou e é a principal porta de entrada para ajuda humanitária.

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