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Israel lança ‘ataque preventivo’ contra o Irã e mata chefe da Guarda Revolucionária
A ofensiva ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, alertar que Tel Aviv poderia mirar instalações nucleares iranianas


Israel lançou nesta quinta-feira 12 (sexta-feira 13, na data local) ataques “preventivos” contra instalações nucleares e militares em todo o Irã, incluindo a capital Teerã, onde a imprensa estatal denunciou a morte de “várias pessoas”. Entre os mortos está o poderoso chefe da Guarda Revolucionária iraniana, Hossein Salami.
O ataque ocorre no momento em que as negociações iniciadas em abril entre Estados Unidos e a República Islâmica sobre o programa nuclear iraniano tinham chegado a um impasse. A defesa aérea iraniana “está operando a 100% de sua capacidade”, informou a televisão estatal após os ataques.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que os ataques contra o Irã vão continuar “tantos dias quanto for necessário”.
O premiê garantiu que os bombardeios atingiram “o coração do programa de enriquecimento nuclear do Irã”, e de seu programa de mísseis balísticos.
Ele acrescentou que as instalações nucleares iranianas de Natanz foram atacadas. A televisão estatal iraniana, por sua vez, reportou que explosões foram ouvidas no local.
O Irã suspendeu os voos do aeroporto internacional da capital após os bombardeios.
Israel também fechou seu espaço aéreo, segundo o Ministério do Transporte.
O ministro da Defensa israelense, Israel Katz, anunciou a declaração do estado de emergência diante de uma iminente resposta iraniana.
“Após o ataque preventivo do Estado de Israel contra o Irã, espera-se, no futuro imediato, um ataque com mísseis e drones contra o Estado de Israel e sua população civil”, declarou Katz.
Os preços do petróleo dispararam após os bombardeios, ocorridos depois que o presidente americano Donald Trump alertou sobre um possível ataque iraniano e começou a retirar pessoal de seu país no Oriente Médio.
‘Tantos dias quanto for necessário’
“Esta operação vai continuar por tantos dias quanto for necessário para eliminar essa ameaça”, declarou Netanyahu em uma mensagem de vídeo sobre a operação batizada de “Leão Crescente”.
“Atingimos o coração do programa de enriquecimento nuclear do Irã. Atacamos a principal instalação de enriquecimento nuclear iraniana de Natanz. […] Também atingimos o coração do programa iraniano de mísseis balísticos”, declarou Netanyahu.
Além disso, um oficial de segurança israelense assinalou, em condição de anonimato, que o chefe do Estado-Maior das forças armadas iranianas, Mohammad Bagheri, teria sido “eliminado” nos ataques.
A televisão estatal iraniana denunciou que edifícios residenciais de Teerã foram atingidos pelos bombardeios e que “várias pessoas” morreram.
“Várias pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram martirizados [termo usado para indicar assassinato] em um complexo residencial de Teerã”, informou a agência IRNA.
O presidente americano Donald Trump convocou uma reunião de seu Conselho de Segurança Nacional para esta sexta após a ação israelense, e seu secretário de Estado, Marco Rubio, alertou o Irã para não atacar bases dos Estados Unidos no Oriente Médio.
Disputa nuclear
Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira a redução de seu pessoal diplomático no Iraque diante da ameaça de um ataque iraniano.
Países ocidentais, incluindo Estados Unidos e Israel, acusaram o Irã de tentar desenvolver uma arma nuclear, o que Teerã nega.
Não obstante, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) acusou, na quarta-feira, o Irã de descumprir suas obrigações em matéria nuclear, o que poderia permitir a imposição de sanções contra a República Islâmica.
O diretor do programa nuclear iraniano, Mohammad Eslami, rechaçou a resolução da AIEA, que classificou como extremista, e a atribuiu à influência israelense.
Em resposta, o Irã disse que lançaria um novo centro de enriquecimento de urânio em um local seguro.
Atualmente, o Irã enriquece urânio a 60%, muito acima do limite de 3,67% estabelecido no acordo de 2015 entre Teerã e o G5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França, mais Alemanha). Contudo, esse nível está longe dos 90% necessários para fabricar uma bomba atômica.
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