Mundo

Israel inicia grande ofensiva terrestre na Cidade de Gaza

Os ataques são intensificados em meio à visita do secretário de Estado do governo Trump, Marco Rubio

Israel inicia grande ofensiva terrestre na Cidade de Gaza
Israel inicia grande ofensiva terrestre na Cidade de Gaza
Palestinos caminham junto a escombros após mais um ataque israelense à cidade de Gaza – Foto: Omar Al-Qattaa/AFP
Apoie Siga-nos no

O Exército de Israel iniciou nesta terça-feira 16 uma grande ofensiva terrestre na Cidade de Gaza, depois que o secretário de Estado americano, Marco Rubio, que visita a região, expressou apoio ao objetivo de erradicar o Hamas.

Uma comissão de investigação da ONU acusou Israel de cometer um “genocídio” no território palestino e responsabilizou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outras autoridades israelenses.

A ofensiva israelense foi amplamente condenada e o chefe de direitos humanos da ONU exigiu o fim da “carnificina”.

Há um mês, Israel intensificou os ataques contra a principal cidade do território, que apresenta como um dos últimos redutos do movimento islamista palestino Hamas.

“A ofensiva principal na Cidade de Gaza começou na noite passada. Sabemos que há milhares de terroristas do Hamas“, entre 2 mil e 3 mil, declarou um comandante militar.

“Estamos avançando para o centro” da localidade, acrescentou. Centenas de milhares de pessoas ainda vivem na cidade de Gaza.

Algumas horas antes, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, disse que o maior núcleo urbano do território palestino devastado estava “em chamas” após ataques.

“Não cederemos e não recuaremos até que a missão seja cumprida”, afirmou.

Testemunhas relataram à AFP “um bombardeio intenso e implacável sobre a Cidade de Gaza”, que já está em grande parte em ruínas, após quase dois anos de guerra desde o ataque fatal do grupo islamista Hamas de 7 de outubro de 2023, que desencadeou o conflito.

“Há muitas pessoas presas sob os escombros e podemos ouvir seus gritos”, disse Ahmed Ghazal, um morador de 25 anos.

No bairro Al Tuffah, ao nordeste da Cidade de Gaza, restam apenas escombros de um edifício residencial atingido pelos bombardeios noturnos.

“Havia quase 50 pessoas dentro, incluindo mulheres e crianças. Não sei por que bombardearam”, afirmou Abu Abd Zaqut, cujo tio morava no prédio com a família.

“Por que matar crianças que dormiam tranquilamente? Tiramos as crianças em pedaços”, acrescentou.

O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Bassal, anunciou um balanço de 36 mortos nesta terça-feira no território, principalmente na Cidade de Gaza, mas alertou que o número “continua aumentando”. O Exército israelense também atacou a cidade de Khan Yunis, sul do território, acrescentou.

As restrições aos meios de comunicação em Gaza e as dificuldades de acesso a muitas áreas impedem a AFP de verificar de forma independente os números divulgados pelas duas partes.

‘Genocídio’

A Comissão Internacional Independente de Investigação (COI) da ONU, que não fala em nome das Nações Unidas, acusou Israel de cometer um “genocídio” em Gaza com o objetivo de “destruir” os palestinos.

Israel criticou e disse que o relatório é “tendencioso e falso”.

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse à AFP e à Reuters que “as evidências se acumulam” e que “cabe à Justiça decidir se é um genocídio ou não”.

Antes de concluir sua visita a Israel, Rubio prometeu o “apoio inabalável” de seu país a Israel em seu objetivo de eliminar o Hamas em Gaza.

“Acreditamos que temos uma janela de tempo muito curta para chegar a um acordo. Não temos mais meses, mas provavelmente dias”, disse Rubio, em referência às novas operações.

O secretário de Estado afirmou que a solução diplomática que inclui a desmilitarização do Hamas é a preferida por Washington, mas “às vezes, quando se trata de um grupo de selvagens (…), isso não é possível”.

Estados Unidos confiam no papel do Catar

Rubio visitou nesta terça-feira o Catar, outro aliado próximo de Washington, que na semana passada foi cenário de um bombardeio israelense contra líderes do Hamas em sua capital, Doha.

“Se existe um país no mundo que pode ajudar a acabar com isto por meio de uma negociação, este país é o Catar”, disse Rubio, que se reuniu com o emir catari, Tamim bin Hamad al-Thani.

O americano “reiterou o apoio veemente dos Estados Unidos à segurança e soberania do Catar”, indicou seu porta-voz, Tommy Pigott.

Na segunda-feira, mais de 50 líderes árabes e muçulmanos se reuniram em Doha, onde pediram uma “reconsideração” das relações diplomáticas e econômicas com Israel e apresentaram um apelo para que os Estados Unidos pressionem para conter seu aliado.

Trump, que criticou o ataque, disse na segunda-feira que Israel “não voltará a atacar (mais) no Catar”.

A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas de outubro de 2023 em Israel, quando os islamistas mataram 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em fontes oficiais.

Das 251 pessoas sequestradas em 7 de outubro de 2023, 47 continuam em cativeiro em Gaza, 25 delas mortas, segundo o Exército israelense.

A campanha de retaliação israelense deixou mais de 64.900 mortos em Gaza, também civis em sua maioria, segundo números do Ministério da Saúde local, que a ONU considera confiáveis.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo